23.9.11

Portugal é país de "baixo uso, algum risco" no acesso das crianças à Internet

in Jornal de Notícias

Portugal é classificado como um país de "baixo uso, algum risco" no acesso das crianças à Internet no relatório da Comissão Europeia EU Kids Online, que está a ser apresentado em Londres.

O relatório UE Kids Online, a que a agência Lusa teve acesso, é um projecto de investigação da responsabilidade do Programa Internet Segura da Comissão Europeia baseado na Escola de Ciências Políticas e Económicas de Londres. Foram entrevistadas mais de 25 mil crianças e respectivos pais por toda a Europa, com o objectivo de perceber onde estão os riscos e as oportunidades na internet.

Os resultados deste relatório, levado a cabo durante o ano de 2010 com entrevistas presenciais a crianças e jovens entre os nove e os 16 anos, estão a ser apresentados em Londres num seminário sobre "Crianças, riscos e segurança online: Investigação e desafios nas políticas numa perspectiva comparativa".

Nesse relatório, 25 países são agrupados em matéria de risco como "baixo uso, baixo risco", "baixo uso, algum risco", "elevado uso, algum risco" e "elevado uso, elevado risco", sendo que Portugal é integrado no grupo "baixo uso, algum risco".

Este grupo diz respeito aos "países que têm o uso mais baixo da internet, apesar de haver algum uso excessivo e alguns problemas com a produção de conteúdos", e inclui, além de Portugal, a Irlanda, Espanha e Turquia.

No grupo de maior risco estão os países nórdicos e da Europa de Leste.

Um dos riscos apontados no relatório relaciona-se com o acesso a imagens sexuais e nessa matéria, no conjunto dos 25 países, Portugal aparece quase na base da tabela com 13% das suas crianças a terem visto imagens em sites e 15% a terem visto ou recebido imagens sexuais.

"A exposição das crianças a conteúdos sexuais é mais elevada nos países nórdicos e em alguns países do leste europeu; as crianças reportam menos exposição nos países do sul da Europa e em países predominantemente católicos", lê-se no relatório.

Entre as crianças que viram conteúdos sexuais, 40% dos pais ignoravam esse facto e entre as que já tinham recebido imagens sexuais 52% dos pais desconheciam. Nos dois casos é mais comum entre os pais de raparigas ou crianças mais novas.

O relatório revela que 60% dos jovens entre os nove e os 16 anos acedem à internet diariamente, contra 33% que só o faz semanalmente, mas apenas 49% dos pais navegam online todos os dias, sendo que 24% nunca usa a internet.

"Nos países onde os pais usam diariamente a internet, maior é a probabilidade de que as crianças também o façam e vice-versa", refere o relatório.