22.9.11

Voluntariado: por solidariedade, mas também por currículo

Texto de Mariana Correia Pinto, in Público on-line

(Foto: Sara Dias Fonseca)

África é o destino clássico para fazer voluntariado. Mas há quem escolha a Europa. Em 2010, 120 portugueses fizeram-no

Marta, Rodrigo e Ana não se conhecem, mas têm pelo menos uma coisa em comum: todos fizeram voluntariado na Europa. Foram por solidariedade, mas também para aproveitar a oportunidade de viajar e conhecer outras culturas. E todos sabem que a marca que o voluntariado deixa no CV pode ser positiva.

Marta Francisco, natural de Lindoso, tinha terminado a licenciatura em Engenharia do Ambiente e do Território e as perspectivas de emprego eram escassas. O momento para realizar um projecto de voluntariado era o ideal e a oportunidade aberta pelo Serviço Voluntário Europeu (SVE) – de trabalhar num parque nacional noutro país – agradou-lhe.

Para Rodrigo Viterbo, músico, o projecto de um mês com o cordofone Baglamas, típico da cultura grega, foi o clique que faltava para que aderisse ao voluntariado. Já Ana Salvado foi aliciada pelo destino: a Letónia.

Estrangeiros também escolhem Portugal

Em 2010, a Europa foi o destino de 120 portugueses para fazer voluntariado e este ano o número já vai em 109. Polónia, Espanha e Itália são o top três dos países mais procurados, mas Portugal também é aliciante para os jovens estrangeiros: em 2010, 152 fizeram voluntariado em instituições lusas através deste programa, que aceita jovens entre os 18 e os 30 anos e é promovido pela União Europeia (UE).

Fazer voluntariado é, acima de tudo, dar tempo e trabalho “de forma desinteressada”, acredita Rodrigo Viterbo. O que os voluntários procuram é conhecer outras culturas, outras pessoas e outros lugares.

Além do lado altruísta, que não pode deixar de estar presente, os voluntários admitem que há um lado relacionado com o enriquecimento do currículo e aumento das perspectivas de trabalho.

Vantagem no mercado de trabalho

Não há problemas em admiti-lo. Ana Salvado já fazia voluntariado em Portugal e encarou a oportunidade do SVE como outra etapa de solidariedade e enriquecimento pessoal, mas também como um meio de valorização a médio e longo prazo. Quando regressou a Portugal, chegaram mesmo a dizer-lhe numa entrevista de emprego que, apesar de não ter o perfil mais adequado para o cargo, era uma opção por ter feito SVE.

Pelas carências sociais, África continua a ser o destino clássico para fazer voluntariado. Marta Francisco, que passou 10 meses no Gauja National Park, na Letónia, admite: "Sempre aspirei realizar voluntariado num país africano na área social". Se a Europa acabou por ser a boa certa? "Costumo até dizer que me tornei uma melhor cidadã europeia", brinca.