29.10.11

Cavaco defende que há falta de regulação dos mercados e apela à concertação internacional

in Destak

O Presidente da República, Cavaco Silva, defendeu hoje que a insuficiência de regulação e de transparência está a colocar mesmo as economias mais desenvolvidas "à mercê da volatilidade dos mercados" e apelou à concertação internacional.

Numa intervenção na XXI Cimeira Ibero-Americana, que termina hoje em Assunção, no Paraguai, Cavaco Silva considerou que "é essencial que os líderes mundiais estejam conscientes da sua responsabilidade histórica, uma responsabilidade perante os cidadãos do presente, mas também perante as gerações vindouras".

"O mundo atual vive tempos de incerteza, que vêm testar a forma como os estados se organizam e como conduzem as suas políticas de desenvolvimento. Mesmo as economias mais desenvolvidas se encontram à mercê da volatilidade dos mercados e de interesses que tiram partido da insuficiência de regulação e da falta de transparência", afirmou.

Segundo o chefe de Estado português, "esta realidade tem implicações muito sérias" para as "políticas de desenvolvimento, na medida em que o combate aos seus efeitos conduz ao desperdício de importantes recursos que deveriam ser canalizados para a promoção do crescimento económico e para a criação de emprego".

Cavaco Silva concluiu que "uma resposta adequada é, por isso, urgente, o que implica que os Estados se organizem de forma a favorecer a concertação internacional que se impõe e sem a qual as medidas se revelarão ineficazes".

No final do seu discurso, o Presidente da República passou a palavra ao primeiro-ministro, Pedro Passos Coelho, referindo que este iria desenvolver, "em maior detalhe, a posição portuguesa" sobre o tema desta cimeira, "Transformação do Estado e Desenvolvimento".

Antes, Cavaco Silva lembrou a sua participação como primeiro-ministro de Portugal na primeira Cimeira Ibero-Americana, em Guadalajara, no México, em 1991.

"Invocar o espírito de Guadalajara implica recordar alguns dos compromissos que nessa altura assumimos: a defesa dos valores democráticos e dos direitos dos nossos cidadãos, a promoção do bem-estar e do desenvolvimento económico e social das nossas populações", disse.

O Presidente da República fez um balanço positivo da "diplomacia ibero-americana" desenvolvida nestes 20 anos, considerando que esta "é hoje uma referência da vida internacional e constitui um ativo de valor estratégico que deve ser aproveitado e desenvolvido, em particular num tempo de profundas incertezas".

"De facto, é indesmentível que o relacionamento ibero-americano valoriza a posição de cada um dos nossos países na cena internacional e no seio dos blocos regionais a que pertencemos e só esta constatação já justificaria todo o esforço no sentido da consolidação e reforço deste processo", acrescentou.