26.10.11

Queixas à APAV diminuíram, mas número de crimes aumentou

in Público on-line

O número de idosos vítima de crime que recorreu à APAV diminuiu entre 2009 e 2010, mas o número de crimes contra estas pessoas aumentou quase 10 por cento, havendo uma média de dois idosos por dia vítimas de crime.

Os dados são de um relatório da Associação Portuguesa de Apoio à Vítima (APAV) que faz um balanço da situação entre os anos de 2000 e 2010 e que revela uma diminuição no número de pessoas que recorreu a esta organização nos últimos dois anos.

Na análise evolutiva feita pela APAV, há uma diminuição de 4,5 por cento nos idosos que recorreram à associação entre 2009 e 2010, registando-se 639 pessoas em 2009 e 610 em 2010.

De acordo com a APAV, o número de 610 significa que por cada sete dias, 12 pessoas idosas foram vítimas de crime, ou seja, uma média de duas por dia.

Em 2009, dos 639 idosos que fizeram queixa à associação, 513 eram mulheres, contra 126 homens. Tendência que se mantém em 2010, com 524 mulheres a apresentarem queixa, contra 86 queixas apresentadas por homens.

No total dos 10 anos, 2000 é o ano com menor número de queixas apresentadas (290), enquanto 2008 apresenta o número recorde de 790 reclamações.

No entanto, apesar da diminuição no número de pessoas que recorre à APAV, o mesmo relatório revela um aumento no número de crimes contra estas pessoas, verificando-se um total de 1 518 crimes em 2010, mais 9,9 por cento do que em 2009 quando se registaram 1.381.

A violência doméstica continua a ser o principal crime perpetrado contra as pessoas idosas em 2010, com 1 126 casos. Dentro do crime de violência doméstica, 405 casos dizem respeito a maus-tratos psíquicos, 299 a maus-tratos físicos, 237 a ameaças ou coação e 117 a difamação ou injúria.

Dentro dos crimes contra as pessoas e humanidade, o que regista maior número de casos em 2010 é o crime de ameaça/coação (90), enquanto nos crimes contra o património é a extorsão (14).

De acordo com o perfil traçado pela APAV, a pessoa idosa vítima de crime que recorreu à associação entre 2000 e 2010 é mulher (82,5 por cento), com idade entre os 65 e os 75 anos (54,8 por cento) e com uma relação com o autor do crime, seja cônjuge (33 por cento) ou filhos (27 por cento).

O autor do crime é maioritariamente masculino (66,8 por cento), com idade acima dos 65 anos (43,5 por cento). Em 2010, 64,4 por cento dos autores de crime eram do sexo masculino e 23,6 por cento tinham mais de 65 anos.

Do total de queixas apresentadas o ano passado, 193 (31,6 por cento) dizem respeito a crimes perpetrados pelo cônjuge/companheiro e 214 (35 por cento) a crimes da parte dos filhos.

De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), Portugal é um dos países da Europa com maior índice de violência contra idosos.

A problemática do envelhecimento e da violência é o tema de um seminário que a APAV realiza quinta-feira, dia 27 de Outubro, em Odivelas, com o apoio da autarquia local.

Durante o seminário serão abordados temas como “Envelhecimento saudável”, “O diagnóstico do envelhecimento e da violência no concelho de Odivelas”, “O processo de envelhecimento e a prestação de cuidados”, “Violência financeira contra as pessoas idosas”, “A visão dos órgãos de comunicação social sobre o envelhecimento e violência” e “No trilho da negligência: a invisibilidade de um problema”.