19.12.11

Governo promete medidas para combater “praga” do desemprego

Por Rita Tavares, in ionline

Encontro informal de ministros para planificar acção em 2012 durou 11 horas. Executivo debateu e calendarizou “reformas estruturais”

O governo esteve reunido todo o dia de ontem, no forte São Julião da Barra, em Oeiras, para preparar um ano que classifica de “extraordinariamente difícil”, o de 2012. Em cima da mesa esteve um conjunto de reformas com que o executivo de Passos Coelho conta para colocar o país na rota do crescimento, apesar da recessão que o primeiro-ministro admite estar para durar.

A reunião de ontem foi informal – sem fatos nem gravatas – mas muito mais longa do que as habituais reuniões semanais. As 11 horas de trabalho serviram para lançar o próximo ano que, segundo o ministros Adjunto e dos Assuntos parlamentares, vai trazer reformas estruturais assentes em quatro pilares: reforço da concorrência e da competitividade, articulação entre Estado e Economia, valorização do capital humano e confiança. O objectivo final é combater o que Miguel Relvas diz ser “a maior praga com que a economia portuguesa está confrontada”: o desemprego. Ainda no final do mês passado a Comissão Europeia reviu em alta as previsões da taxa de desemprego para Portugal. A deste ano ficará nos 11,1% e no próximo ano será de 11,2%.

Numa entrevista ao “Correio da Manhã” publicada ontem, o primeiro-ministro admitia que os próximos anos vão ser de “recessão e desemprego” e que “o aumento do emprego aparecerá com a retoma económica”. Na mesma entrevista, Passos Coelho diz acreditar que o país estará a crescer já em 2013 e avança até com a intenção de até 2015 reduzir a carga fiscal sobre os portugueses: “Queremos até 2015 que o Estado vá buscar muito menos recursos do que tem ido buscar aos portugueses nos últimos dez anos”

Mas para o futuro mais imediato, o executivo baixa as expectativas e avisa que 2012 vai ser um ano “extraordinariamente difícil”, nas palavras do ministro Miguel Relvas. Numa declaração sem direito a perguntas, ontem quando já decorria o Conselho de Ministros informal, Relvas explicou que a reunião ia debater reformas, mas sem conclusões, nem aprovações de proposta, para já. O governo planificou o lançamento das reformas – esmagadora maioria exigidas pela troika – que passam pela Justiça (neste ponto a aposta é agilizar a vida empresarial), Saúde, Educação, mas também a nova lei das rendas, que vai liberalizar o mercado de arrendamento, respondendo ao Memorando da troika que pedia o “equilíbrio entre as obrigações de senhorios e inquilinos, considerandos os mais vulneráveis socialmente”.

O Conselho de Ministros gerou expectativas na oposição. O líder do PS, António José Seguro concorda com a aposta no crescimento, mas mantém que Passos Coelho está “apaixonado pela austeridade” e faz “tudo pelos mercados”. Outro socialista, Mário Soares, disse mesmo esperar “que haja mais alguns cortes” a saírem do planos que o governo delineou ontem.

No Bloco de Esquerda a expectativa veio em forma de crítica, pelo deputado José Gusmão: “Nós sabemos que os Conselhos de Ministros deste governo não têm sido muito pródigos em prendinhas no sapato para a generalidade dos portugueses mas têm sido bastante proveitosos para a banca”. com Lusa