23.1.12

Crise: Austeridade acentua desigualdades

in Agência Ecclesia

D. Jorge Ortiga denuncia descontentamento e frustração que provoca a emigração, «sugerida ou voluntariamente aceite», nomeadamente dos jovens

O Presidente da Comissão Episcopal da Pastoral Social e Mobilidade Humana considera “gritante” a desigualdade provocada pelas novas medidas de austeridade e alerta para o aumento do desemprego entre os jovens com menos de 25 anos.

Para D. Jorge Ortiga, os que “possuem menos”, as “camadas mais frágeis da sociedade portuguesa” são as “mais sacrificadas”, nomeadamente os jovens sem emprego, um flagelo que pode ser “causa de rutura social”.

Intervindo na sessão de abertura do XII Encontro de Formação de Agentes Sociopastorais das Migrações, onde o tema ‘Portugal entre a emigração e a imigração’ está em debate desde esta sexta-feira até domingo, o Arcebispo de Braga desafiou à “responsabilidade coletiva” para “travar ou atenuar” o desemprego entre os jovens, que disse atingir já 30%.

Num contexto em que “quem sofre” são os pobres, “cada vez em maior número e com maior pobreza”, D. Jorge Ortiga afirmou que “a desigualdade social cresce e isto fruto, em larga escala, das novas medidas de austeridade que afetam os que possuem menos”.

“O descontentamento e a frustração provocam a emigração, sugerida ou voluntariamente aceite, como possível solução”, referiu o presidente da Comissão Episcopal da Pastoral Social e Mobilidade Humana (CEPSMH), constatando que o cenário atual das migrações “é complexo”.

D. Jorge Ortiga defendeu a construção de um novo paradigma social, onde não se acentue a desigualdade social nem cresça o número de “perdedores”, daqueles que “constantemente sofrem derrotas”, antes se promovam vitórias pessoais através do serviço, a ajuda mútua e a autoestima.

Para a Igreja Católica, “a mobilidade dos jovens, por razões de estudo ou de procura de realização profissional”, solicita atenção e presença “para que a deslocação do país de origem seja realizadora e nunca frustradora”, sugeriu o presidente da CEPSMH.

Um “âmbito novo na pastoral da Igreja” e que não pode ser ignorado, exigindo “empenho novo para que a vitória dum humanismo integral possa emergir do meio de tantos futuros sombrios e repletos de enigma”.

D. Jorge Ortiga desafiou os cristãos, “católicos ou de outras denominações”, a agir em unidade e “em favor jovens” que emigram ou imigram “por razões de estudo” e também daqueles que “com ou sem estudos”, sofrem “o flagelo do desemprego”.

Dirigindo-se aos agentes sociopastorais das migrações presentes no XII encontro de formação, o presidente da CEPSMH desafiou à aquisição de competências que permitam o desenvolvimento de projetos nesta área “com fórmulas e comportamentos marcados pela competência solícita e nunca por um mero amadorismo de boas vontades ou, o que é pior, por um ignorar o problema”.

XII Encontro de Formação de Agentes Sociopastorais das Migrações decorre em Fátima, no auditório do Museu de Arte Sacra e Etnologia dos Missionários da Consolata, desde esta sexta-feira até domingo.

A sessão solene de abertura das comemorações dos 50 anos de fundação da Obra Católica Portuguesa de Migrações marca os trabalhos de hoje, que terminam com um serão multicultural.

PR