27.3.12

Agências de trabalho temporário recrutam 87 mil

in Dinheiro Vivo

As agências de trabalho temporário recrutaram o equivalente a 87 mil pessoas a tempo inteiro em 2010. O aumento foi o quinto maior da União Europeia (UE) e o mais elevado desde 1996, pelo menos. Ao todo, foram celebrados bastantes mais contratos - cerca de quase 280 mil - reflexo da muito curta duração desse tipo de trabalhos.

De acordo com o relatório do provedor do trabalho temporário relativo a 2011, Portugal tinha cerca de 265 agências a operar no sector em 2010 (último ano para o qual há dados). Segundo Vitalino Canas, o provedor, 75% dos trabalhadores colocados tem um salário inferior a 600 euros e 25% ganha o mínimo.

“Mais de metade dos contratos celebrados foram de duração inferior a três meses”. A duração média global também está mais curta: era de 6,5 meses em 2009 e desceu para 3,9 meses em 2010. “Esta redução anual poderá estar associada à contração económica”, reconhece o estudo ontem apresentado no Instituto Superior de Ciências da Administração (ISCAD), em Lisboa.

Os homens têm mais ‘sucesso’ na colocação do que as mulheres. Eles representam quase 60% do total; cerca de 71% dos recrutados tem entre 25 e 54 anos; a região de Lisboa é, de longe, onde mais se recorre a este tipo de serviço, com 66% dos recrutamentos, seguida do Norte com quase 23% do total.

O número de empresas no país aumentou 1,7% nesse ano, a quinta maior expansão da UE a seguir ao Reino Unido (3%), Holanda (2,5%), França e Alemanha (2%). Bulgária e Luxemburgo também registaram 1,9% em 2010, mostram dados da Confederação Internacional de Empresas de Trabalho Temporário (CIETT).

Vitalino Canas referiu que o sector ainda tem pouco peso em termos relativos (essas firmas empregam diretamente 750 pessoas). Cada agência têm, em média, 222 trabalhadores temporários, um dos valores mais baixos a nível internacional. Por isso, destacou, há margem para crescer.

Mas também há problemas por resolver. Existe um “altíssimo nível de informalidade e de ilegalidade” que tem de ser combatido, reconheceu o deputado socialista.

A maior empresa em Portugal é a Randstadt. Vitalino Canas calcula que “25% dos trabalhadores temporários arranja colocação ao fim de seis meses”.

Marcelino Pena Costa, presidente da APESPE (a associação do sector), disse que o sector colocou o dobro das pessoas comparativamente aos centros de emprego públicos (IEFP) e sublinhou que “apesar da boa vontade do presidente do presidente do instituto no terreno nada mudou”.

“As empresas de trabalho temporário continuam a ser discriminadas negativamente” e, por isso, a APESPE enviou para o Parlamento propostas que “esperamos ver plasmadas” no futuro.

O secretário de Estado do Emprego, Pedro Martins, reiterou que estas empresas “são atores fundamentais no contexto de alguma volatilidade no mercado”.

Existem dois extremos sobre o que significa o trabalho temporário: "entre o steping stone [degrau para poder subir] ou um dead end [beco sem saída]”, ilustrou o governante. Pedro Martins acredita claramente na primeira hipótese. “Temos de olhar para o potencial que o trabalho temporário encerra no combate ao desemprego”.