25.5.12

Portugueses querem imigrantes desde que exista trabalho

Por Mariana Oliveira, com Lusa, in Público on-line

Os portugueses reconhecem o contributo dos imigrantes para o enriquecimento cultural do país e para a sua vida económica. Contudo, só defendem a sua permanência em Portugal enquanto houver trabalho ou quando há descendentes nascidos em Portugal.

Estas são algumas das conclusões de uma sondagem do centro de estudos da Universidade Católica Portuguesa, realizada em finais de 2010. Os números dão corpo a um livro Os Imigrantes e a Imigração aos Olhos dos Portugueses, que é lançado esta sexta-feira na Fundação Calouste Gulbenkian, em Lisboa.

O objectivo da investigação foi analisar as atitudes e os preconceitos dos portugueses face à imigração, comparando com uma sondagem feita anteriormente, em 2004. O estudo conclui que os portugueses manifestam “uma atitude ambivalente perante a imigração”.

A “maior parte dos inquiridos reconhece o contributo dos imigrantes para o enriquecimento cultural do país” (73%) e para “a vida económica” (61%), nomeadamente no “exercício de trabalhos menos desejados pelos portugueses”. Mas, entre 2004 e 2010 foi assinalada “uma ligeira contracção na valorização económica dos imigrantes”.

A maioria considera que “os imigrantes devem ter mais direitos do que os que têm actualmente, nomeadamente de voto (73%), de naturalização (75%) e de reagrupamento familiar (85%)”, destaca o estudo. Porém, os inquiridos defendem que os imigrantes só devem permanecer em Portugal “enquanto houver trabalho ou no caso de haver já descendentes nascidos” no país.

“Pouco mais de metade dos inquiridos são favoráveis à redução do número de imigrantes”, com taxas entre os 46 e os 57%, “consoante a origem geográfica dos imigrantes”, destaca o estudo.

Por outro lado, a maioria dos inquiridos considera que “deve haver contacto entre portugueses e imigrantes”. Aliás, o estudo identifica este contacto como um factor “relevante para a diminuição do preconceito”.

Os imigrantes devem “aprender a cultura portuguesa” e “manter a sua cultura de origem”, defendem os portugueses, menos certos na aprovação da manutenção do “modo de vida”.

Mulheres imigrantes mal vistas

Assinalando que as mulheres imigrantes sofrem de “subrepresentação e invisibilidade” na comunicação social, o estudo salienta que, quando estas são referidas, aparecem normalmente associadas à prostituição (67%) e à criminalidade (41%). Já os homens imigrantes surgem mais associados a casos de criminalidade (98%) e trabalho (38%).

De acordo com a ficha técnica da sondagem efectuada em 2010, foram inquiridos 1830 indivíduos com 18 ou mais anos residentes em Portugal Continental, entre Novembro e Dezembro de 2010.