31.7.12

Cuidadoras de lares aprendem a interagir com doentes

publicado por Joana Capucho, in Diário de Notícias

Mais de meia centena de mulheres que trabalham em lares de Aveiro estão a aprender técnicas de estimulação multissensorial e motora para conseguirem interagir com doentes com demência.

A formação está a ser ministrada em quatro lares pela Escola Superior de Saúde da Universidade de Aveiro (ESSUA), no âmbito de um projeto de investigação que visa melhorar a qualidade de vida dos doentes institucionalizados.

Agitação, agressividade, deambulação e desinibição sexual são características de fases avançadas de demência que tornam exigente, física e emocionalmente, o trabalho de cuidar desses doentes.

A terapia complementar que está a ser introduzida nos quatro lares apela aos sentidos para "retardar" a demência e facilitar a comunicação com o doente, disse à agência Lusa Liliana Xavier, da ESSUA, e pró-reitora da Universidade de Aveiro.

"A estimulação multissensorial e motora consiste basicamente em usar os sentidos para interagir com a pessoa com demência, quando ela já está num estado moderado a severo. Ao ativar os sentidos ajudamos a que a pessoa não perca outras competências que ainda mantém", explicou.

O método que a ESSUA está a ensinar "retarda o avanço dos sintomas", através de estratégias simples aplicadas nas atividades diárias dos doentes, de forma a promover o movimento, o equilíbrio, a prevenção de quedas e o desempenho de tarefas.

Nessas atividades, a ESSUA ensina também a proporcionar aos doentes experiências sensoriais agradáveis: "no banho, podemos ativar o olfato através de um sabonete que cheire a mel e ir tentando comunicar, perguntando se sabe que cheiro é, para que é que se usa o mel, se gostava de mel, etc.", exemplificou Liliana Xavier.

Os efeitos refletem-se também nas auxiliares, que muitas vezes vivenciam a sensação de incapacidade, tensão, stress ocupacional, sobrecarga física e risco de exaustão.

Os resultados têm sido "muito positivos" e aliviam o seu trabalho ao melhorar a comunicação (verbal e não verbal), envolvimento (solicitado e voluntário) do doente com o meio que o rodeia, relaxamento e diminuição de comportamentos desafiantes.

"As instituições com quem temos trabalhado são muito recetivas e sentem necessidade de métodos como este, que acabam por ser muito eficientes e simples de fazer no dia a dia. "s vezes não podemos dar as respostas que nos pedem. Temos de cumprir o que está contratualizado no projeto de investigação, nomeadamente quanto ao número de pessoas com que nos comprometemos a trabalhar", disse a investigadora.