12.12.12

Consumo de drogas voltou a aumentar entre alunos

in Jornal de Notícias

O consumo de drogas nos alunos voltou a aumentar em 2011, mas diminuiu a ingestão endovenosa, o que levou à redução das infeções pelo vírus da sida, revela, esta quarta-feira um relatório. A canábis é a droga mais consumida em meio escolar.

O documento, que cita estudos epidemiológicos, assinala que o consumo de drogas na população escolar, dos ensinos básico e secundário, voltou a aumentar em 2010 e 2011, depois de ter diminuído em 2006 e 2007, e alerta, nesse sentido, para "a necessidade de investimento na prevenção".

A canábis continua a ser a droga "preferencialmente consumida" no meio escolar.

A cargo do Serviço de Intervenção nos Comportamento Aditivos e nas Dependências, que sucedeu este ano ao extinto Instituto da Droga e da Toxicodependência, o relatório anual "A Situação do País em Matéria de Drogas e Toxicodependências", referente a 2011, é apresentado esta quarta-feira na Assembleia da República.

O relatório destaca também o reforço da tendência de decréscimo das infeções VIH/Sida associadas à toxicodependência, com 2011 a registar 10% de casos diagnosticados, contra os 32% de 2005.

"Parece estar-se perante uma efetiva diminuição de infeções recentes, reflexo da diminuição das práticas de consumo endovenoso e da partilha de material de consumo endovenoso e, em última análise, das políticas de redução de riscos e minimização de danos", descreve o documento.

Em 2005, a prevalência do consumo endovenoso, de droga injetável nas veias, situava-se entre os 37 e os 67%, enquanto em 2011 se fixou nos 16 a 55%.

No ano passado, diminuíram igualmente as mortes por 'overdose', em mais de 50% face a 2010. Contudo, contrariamente a anos anteriores, em que predominaram nas substâncias detetadas nas autópsias os opiáceos, em 2011 foi a metadona.

A droga mais traficada em 2011 voltou a ser a canábis, com a cocaína a ganhar "maior visibilidade". Pelo décimo ano consecutivo, o haxixe foi, em 2011, o estupefaciente mais confiscado pelas autoridades policiais, com um total de 3.093 apreensões.

Nos últimos três anos, aumentaram as apreensões de liamba, atingindo as 660, valor mais elevado desde 2002.

Portugal, adianta o relatório, continua a ser um "ponto de trânsito" no tráfico internacional, particularmente no caso da cocaína.

Holanda e Paquistão (heroína), Brasil e Bolívia (cocaína), África do Sul (liamba) e Marrocos (haxixe) foram, em 2011, os principais países de origem da droga apreendida em Portugal.

O número de traficantes e/ou traficantes-consumidores presos aumentou, no ano passado, seis por cento, para os 2.075, comparativamente a 2010.

Contudo, o Serviço de Intervenção nos Comportamento Aditivos e nas Dependências ressalva que "foi mais uma vez reforçada a tendência iniciada em 2000 de diminuição do peso destes reclusos no universo da população reclusa condenada". O relatório aponta que, em 31 de dezembro de 2011, os narcotraficantes representavam em Portugal cerca de 20 por cento do total de reclusos.

Portugal situa-se entre os países europeus com as "menores prevalências de consumos de drogas", com exceção da heroína.