22.2.13

Bruxelas agrava previsões e espera quase o dobro da recessão este ano

in Jornal de Notícias

A Comissão Europeia espera agora para Portugal quase o dobro da recessão em 2013 que o estimado anteriormente, passando de uma contração de 1% para 1,9%, e diz que pode voltar a piorar as previsões já no próximo mês de março. Também as expectativas para o mercado de trabalho são mais pessimistas, devendo a taxa de desemprego chegar a 17,3%.

Um dia depois do ministro das Finanças, Vítor Gaspar, ter admitido que face à revisão em baixa das previsões macroeconómicas, o Governo terá que antecipar medidas que guardava "como reserva para dificuldades orçamentais", Bruxelas considerou, nas suas previsões económicas de inverno, esta sexta-feira, que a queda de 1,8% do Produto Interno Bruto no quarto trimestre do ano passado (em termos homólogos) foi "inesperada" e que se deveu a uma contração pronunciada na procura interna e a uma desaceleração nas exportações nesta parte final do ano.

Com este resultado a recessão foi de 3,2% do PIB, mais grave que os 3% estimados na altura da sexta revisão do programa.

A destruição de emprego foi também maior que a prevista, o que levou a taxa de desemprego média anual do ano passado para 15,7%, superior aos 15,5% esperados na mesma altura pelo Governo e pela 'troika' (composta pelo Fundo Monetário Internacional, Comissão Europeia e Banco Central Europeu).

Com estes resultados, a revisão em baixa do desempenho que esperam para a economia é de 0,9 pontos percentuais, dos quais três quartos se devem a efeitos mecânicos dos maus resultados de 2012 e o resto a uma perspetiva menos otimista sobre o que podem vir a ser as exportações portuguesas e ainda os desenvolvimentos mais negativos do mercado de trabalho.

Bruxelas aponta agora para uma retoma gradual na segunda metade do ano, mas alerta que existem riscos consideráveis mesmo para estas previsões mais pessimistas, em especial devido ao elevado desemprego, deixando em aberto a possibilidade de rever novamente estas projeções quando forem divulgadas as contas nacionais trimestrais com mais detalhe (a 11 e a 28 de março) caso os próximos números do desemprego apresentem novo agravamento, já que agora esperam que atinja os 17,3% em 2013, ao contrário dos 16,4% estimados em novembro.

"Os riscos para as perspetivas macroeconómicas estão claramente inclinadas para a negativa uma vez que o maior agravamento que o esperado na situação do mercado de trabalho poderá apontar para uma deterioração persistente nas perspetivas de crescimento. Se isto for confirmando quando forem divulgados os dados com a composição da contração no último trimestre de 2012, mais revisões em baixa podem ser necessárias", refere Bruxelas.