20.2.13

Pais portugueses transmitem aos filhos o valor da poupança

in Jornal de Notícias

Os pais portugueses consideram importante transmitir aos filhos valores como poupança e boas maneiras, enquanto os dinamarqueses preferem realçar imaginação e independência, uma das várias diferenças culturais entre europeus.

Esta diversidade cultural é uma das situações visíveis no Portal de Opinião Pública (POP), um projeto da Fundação Francisco Manuel dos Santos e do Instituto de Ciências Sociais (ICS) da Universidade de Lisboa, que é apresentado esta quarta-feira e terá disponíveis dados sobre atitudes, valores e opiniões dos europeus em geral e dos portugueses em particular, nos últimos 20 anos, como explicou à agência Lusa o seu coordenador, Pedro Magalhães.

O objetivo do POP é criar uma plataforma de visualização e consulta de dados de inquéritos por questionário, sondagens de projetos académicos sobre uma variedade de temas, como família, trabalho, religião, economia ou política, por país e ao longo do tempo, através de mais de 100 indicadores que podem ser descarregados e partilhados nas redes sociais.

Diferenças culturais

Pedro Magalhães referiu vários indicadores como aqueles que se relacionam com a mudança dos valores dos portugueses em assuntos como a homossexualidade, a mudança do papel da mulher na família e no trabalho, valores que acham dever ser transmitidos aos filhos ou grau de satisfação com o trabalho e com a sua profissão.

O POP permite analisar a evolução da opinião sobre qualquer tema, num país, mas também comparar tendências e preferências entre países.

"Se olharmos para um país como a Dinamarca, por exemplo, valores como a imaginação a independência são mencionados por muitas pessoas como fundamentais para transmitir aos filhos, em Portugal o que acaba por ter mais importância são valores como a poupança ou as boas maneiras", exemplificou.

Para o investigador do ICS, "isto é muito interessante, marcante de diferenças culturais muito importantes entre os países europeus".

Ausência de confiança na justiça

Outra conclusão possível dos dados exemplificada por Pedro Magalhães refere-se à confiança dos portugueses na Justiça e aponta que, "em 2000 cerca de metade diziam confiar no sistema judicial, hoje são pouco mais de 20%", colocando Portugal "nos últimos lugares entre 27 países e apenas acima de Estados como Roménia ou Bulgária".

Para o coordenador do POP, "a afeta o investimento, a probabilidade das pessoas entrarem em cooperação para todo o tipo de projetos ou de ações, seja de participação política, social, ou de relações de natureza económica".

"Quando não se confia na capacidade da Justiça para dirimir conflitos, as consequências são muito sérias", frisou.

As fontes do POP são o Eurobarómetro (questões europeis, religião, atitudes políticas, ideologia), o Inquérito Social Europeu (aborda as mudanças na Europa e termos de valores e atitudes) e Estudo Europeu dos Valores (inquéritos por questionário de forma regular).