25.2.13

Suicídios e depressões estão a aumentar com a crise económica

in Jornal de Notícias

Os casos de suicídios, de intenções de suicídios ou de depressões estão a aumentar em Portugal e Espanha com a crise económica, afirmou este sábado na Ericeira o psiquiatra espanhol José Luís Ayuso Mateos.

"Há uma clara relação entre a crise económica e o aumento dos suicídios", disse o especialista durante o encontro "Avanços e controvérsias em Psiquiatria", que termina hoje na Ericeira (Mafra).

Dados divulgados pelo especialista apontam para que 90% dos mortos por suicídio tiveram previamente distúrbios mentais: 30% a 87% apresentaram um quadro depressivo e 42% tiveram antecedentes que motivaram uma intervenção psiquiátrica.

José Luís Ayuso Mateos explicou que o desemprego e o stress estão entre os fatores sociais associados à crise económica que ajudam a explicar os casos de depressão ou de condutas suicidas.

Baseando-se em dados de 2000 a 2011, o psiquiatra demonstrou que, tanto em Espanha como em Portugal, os suicídios têm vindo a aumentar à medida que aumenta a taxa de desemprego.

Ainda assim, frisou, "Portugal e Espanha têm taxas de suicídios das mais baixas da Europa", o que pode ser explicado pelo facto de "não haver uma relação direta" entre o desemprego e o suicídio.

"Apenas temos um aumento da incidência de suicídios, porque durante o período da recessão económica há um retardar do suicídio", justificou, à semelhança da adoção de medidas de suporte social.

O especialista, ligado a uma unidade hospitalar da cidade de Madrid, alertou que, perante os dados existentes, "está a assistir-se em Espanha a um aumento das necessidades de assistência aos problemas de saúde mental".

O psiquiatra António Reis Marques, da Universidade de Coimbra, adiantou que está a assistir-se, naquela zona do país, à diminuição da procura por cuidados de saúde mental, apontando a falta de dinheiro para as consultas, para os transportes e para os medicamentos como motivos.

Questionado pelo colega português, José Luís Ayuoso Mateos disse que em Espanha "se vive o oposto", com o aumento da procura pelas consultas nos cuidados primários de saúde, que são gratuitas.