21.4.13

Escolas suspendem lanche por falta de verbas

por Lusa, texto publicado por Paula Mourato, in Diário de Notícias

Algumas escolas foram obrigadas a suspender visitas de estudo e deixar de dar lanches aos alunos do desporto escolar por causa do despacho do ministro das Finanças, que impede a realização de novas despesas, alertaram professores.

Numa escola EB2/3 de Viseu, dezenas de alunos que na semana passada participaram no campeonato promovido pelo desporto escolar não receberam lanche no final da prova, contou à Lusa Manuela Antunes, professora daquele estabelecimento de ensino.

"Foi recusado o pedido de lanche, por causa do despacho do ministro Vitor Gaspar. Neste caso estamos a falar de 30 alunos, mas imagino que isto esteja a acontecer em outras escolas também. Estamos a falar de uma situação em que os alunos fazem exercício físico intenso e, no final, a escola não lhes dá nenhum reforço alimentar, porque não tem autorização superior", alertou Manuela Antunes.

A docente acredita que várias escolas estejam já a sofrer as consequências do despacho emitido a 8 de abril pelo ministro das Finanças e que veio impedir ministérios e serviços públicos de realizar novas despesas.

Contactado pela Lusa, o presidente da Associação Nacional de Diretores de Agrupamentos e Escolas Públicas (ANDAEP), Adalmiro Botelho da Fonseca, disse ter conhecimento de uma escola onde foi cancelada uma visita de estudo, por causa da decisão do ministro das Finanças.

"Espero que o despacho deixe de produzir efeitos muito em breve. É que, se a proibição for apenas durante uns dias, os diretores conseguem fazer a gestão das escolas. Pode haver um caso ou outro, de escolas mais isoladas que tiveram mais dificuldades, mas a maioria não teve, até agora, qualquer problema, além de que pode contar com a solidariedade das escolas vizinhas", contou Adalmiro Fonseca.

O vice-presidente da ANDAEP, Filinto Lima, alertou, no entanto, que caso a decisão se mantenha "para além dos 15 dias irá causar problemas. A medida SOS tem de ser desbloqueada".

A agência Lusa questionou o Ministério da Educação e Ciência (MEC) sobre os efeitos nas escolas da medida de Vitor Gaspar, para não obteve qualquer resposta até ao momento.

Era esperado que o despacho do ministro das Finanças fosse suspenso na passada quinta-feira, na reunião de Conselho de Ministros, mas a decisão foi, para já, adiada para a próxima terça-feira.