20.9.13

Estado, empresas públicas, privadas e famílias devem 727,7 mil milhões, 444% do PIB

Por António Ribeiro Ferreira, in iOnline

São dados actualizados de Junho do Banco de Portugal, já tendo em conta o crescimento de 1,1% do PIB no segundo trimestre. A dívida pública cifrou-se nos 214,5 mil milhões de euros, o que corresponde a 130,9% do PIB. Em Agosto, o banco central referia que o endividamento público correspondia a 131,4% do PIB. Descontando deste cálculo o valor dos depósitos detidos pela administração pública, a dívida pública situa-se em 193,2 mil milhões de euros, o que equivale a 118% do PIB - um rácio que traduz um agravamento face aos 115,8% verificados no final do primeiro trimestre.

Comparando com os números que constam na sétima avaliação do programa de ajustamento português, a dívida pública supera as estimativas para o acumulado do ano, cuja previsão é de 202,1 mil milhões de euros para 2013.

Empresas públicas sobem No que diz respeito aos valores do endividamento dos outros segmentos da economia, as empresas públicas viram a dívida agravar-se para 48,2 mil milhões de euros, o que corresponde a 29,4% do PIB.

Já nas empresas privadas, o endividamento desceu de forma ligeira face ao verificado em Março. Atingiu 303 mil milhões de euros em Junho, ou 185,4% do PIB.

Quanto às famílias, a queda foi mais significativa, recuando de 163,7 mil milhões de euros em Março para 162 mil milhões de euros em Junho. Em termos de peso no PIB, o endividamento dos particulares baixou de 99,9% para 98,9% do PIB.

PIB vale 163 942 milhões É neste quadro actualizado com o valor do PIB em Junho, que neste momento vale 163 942 milhões de euros, com tendência para cair face às previsões de uma queda de 2,3% ou 2% da economia portuguesa em 2013, que se levantam as maiores dúvidas sobre a sustentabilidade da dívida, não só a pública, como a dos outros sectores da economia. Particularmente grave é o facto de a dívida das empresas públicas continuar a aumentar, ao contrário do que se passa com as empresas privadas, que baixaram ligeiramente o seu endividamento, e com as famílias, que registaram uma queda mais significativa.

Neste caso concreto, a descida do endividamento não é alheia aos cortes e aumento dos juros nos créditos à habitação e ao consumo e à quebra acentuada do poder de compra das famílias, atingidas por cortes salariais e o desemprego. No final de Junho havia mais de 12 mil casais em que ambos os cônjuges estavam sem trabalho, o que representa um aumento de 45% face ao mesmo mês do ano passado. Já no caso das empresas privadas, a quebra dos financiamentos da banca tem um efeito positivo na dívida, mas também reflecte a queda abrupta da procura interna, as insolvências e o encerramento de muitas unidades de produção nestes dois anos de ajustamento e austeridade. A. R. F.