12.9.13

Futuro de Portugal tem de ser discutido com o futuro da Europa

in iOnline

António Barreto referiu-se à atual situação política na Europa. "Depois de um longo período sonâmbulo, percebemos há quatro cinco anos que um país estava a assegurar uma nova liderança na Europa, a Alemanha"

O presidente da Fundação Francisco Manuel dos Santos, António Barreto, afirmou hoje que não é possível discutir o futuro do país sem discutir a Europa, a menos que ocorra uma crise europeia "muito grave".

"Para Portugal já não é possível discutir o futuro do país sem discutir o futuro da Europa. Pensar Portugal sem pensar Europa também já não é possível, a não ser em caso de rutura e de crise muito grave, crise económica europeia muito grave, ou crise política europeia", disse o sociólogo.

Acerca da atual situação da União Europeia, António Barreto defendeu que, "ou a Europa encontra em si própria instrumentos de renovação do seu pacto europeu e resolve as ameaças de rutura, ou teremos eventualmente uma espécie de pequena fragmentação da Europa e [podem] aparecer duas ou três europas diferentes", e se a fragmentação "for excessiva, em que dois ou três países vão para um lado e outros para outro, a Europa dissolve-se".

António Barreto falava à agência Lusa a propósito do 2.º Encontro Presente no Futuro, organizado pela Fundação Francisco Manuel dos Santos, sexta-feira e sábado, em Lisboa, sobre "Portugal Europeu. E agora?", para pensar a experiência europeia atual e as perspetivas para os próximos anos.

O Encontro pretende ser um momento de reflexão acerca da forma como os portugueses, as associações, as empresas e o próprio Estado vivem a experiência da cidadania na Europa, como são vistos pelos europeus e como evolui a União Europeia, como conjunto de países e ocupando um lugar no mundo.

No próximo ano, o 3.º Encontro vai dedicar-se às condições, fatores e valor da liberdade, que é "o valor mais importante" para a Fundação.

Para o presidente do conselho de administração da Fundação Francisco Manuel dos Santos, "a integração europeia [de Portugal] começou nos anos 60 com a coisa mais importante que são os homens e mulheres, as pessoas começaram a integrar a Europa sem tratados, sem decretos-lei", com os emigrantes.

O segundo grande momento de integração é a partir da democracia em Portugal, quando pede a adesão. As relações entre as pessoas mantiveram-se e desenvolveram-se, mas o processo "vai abrir mais portas à consolidação entre empresas, instituições e universidades", recordou.

António Barreto referiu-se à atual situação política na Europa. "Depois de um longo período sonâmbulo, percebemos há quatro cinco anos que um país estava a assegurar uma nova liderança na Europa, a Alemanha".

E está a faze-lo "com uma força política enorme que resulta do poderio económico e financeiro, da capacidade de organização política e económica, da dimensão do país e da dimensão populacional e é tudo isto mais do que uma afirmação política clara", explicou o sociólogo.

"Não é a projeção política, cultural e social da Alemanha que faz dela a líder europeia, até porque a Alemanha tem uma conceção muito instrumental da Europa, a Europa serve-lhe", defendeu.
O responsável realçou que "isto abriu uma brecha, é uma ameaça à continuidade europeia e é um assunto que os europeus têm de tratar seriamente nos próximos cinco ou 10 anos".