25.2.14

Saiba como pode cortar pelo menos 450 euros nos créditos mensais

por João Santos Duarte, in RR

Livro “Como acabar com as dívidas”, que é apresentado hoje em Lisboa, pretende ajudar as famílias a fazer um diagnóstico do seu orçamento, e dar estratégias para reduzir o peso mensal dos créditos.

Uma família pediu aconselhamento financeiro porque não conseguia fazer face às dívidas e declarou ter três ou quatro créditos. Quando os técnicos foram confirmar, eram na verdade nove. Pode à partida parecer estranho, mas é mais comum do que se possa pensar.

“Constatamos que muitas famílias não sabem quantas dívidas têm. Não só porque às vezes perdemos o controlo, mas também porque muitas vezes, por exemplo, o marido e a mulher estão a pedir créditos e não falam um com o outro”, afirma o conselheiro financeiro João Morais Barbosa.

Este foi apenas um dos casos que lhe passou pela empresa. Até agora, já ajudou cerca de mil famílias a reduzir as suas dívidas mensais.

O primeiro passo é sempre fazer um diagnóstico da situação financeira da família. Para quem não tem noção ou quer apenas ter a certeza, é possível ter acesso a um mapa de responsabilidades que nos indica todos os créditos que temos ou até que podemos vir a ter (por exemplo, o plafond de um cartão de crédito). Para tal, basta ir ao site do Banco de Portugal.

Mas há vários sinais que alertam para que uma família esteja numa situação de excesso de endividamento ou a caminhar perigosamente para esse cenário: “O primeiro é saber se existe ou não uma poupança que possa fazer face a imprevistos”, afirma João Morais Barbosa.

“Muitas vezes acontecem situações como uma avaria do carro ou ter de ir com o filho ao médico e as pessoas têm de recorrer ao cartão de crédito.”

O recurso com regularidade às contas-ordenado (que dispõem de uma facilidade de utilização de crédito pré-aprovado) e a utilização do cartão de crédito para pagar dívidas de curto prazo são outros factores.

Dos mil processos que teve até agora, em média, foi possível reduzir em 43% os encargos com créditos, cerca de 450 euros por mês. Mas há casos que vão mais longe: “Depende muito do tipo de crédito, mas muitas vezes podemos reduzir até 70% nas prestações”.

Como é que isso é possível? Renegociando com os credores, sejam bancos ou outras entidades. “Aumentar prazos de pagamento, atribuir períodos de carência (durante algum tempo só pagar os juros e não o capital), transformar cartões de crédito em crédito pessoais, baixando a taxa de juro e amortizando todos os meses as várias dívidas. Há um conjunto de estratégias que dependem de cada caso concreto, que permitem baixar as prestações para ter dinheiro para despesas que são mais essenciais, ou amortizar aqueles créditos com taxas de juro mais elevadas.”

E as entidades credoras estão abertas à renegociação? Morais Barbosa diz que sim: “Cada vez existe mais abertura. Podemos não acreditar mas o credor tem mais interesse em que nós paguemos a prestação do que nós próprios. Porque, se nós não pagarmos a prestação, ele vai ter de registar um prejuízo nas suas contas.”

Há ainda que ter em conta que existem mecanismos legais de acompanhamento para acautelar as situações de incumprimento, além de procedimentos que regulam as renegociação dos créditos.