27.3.14

Trinta famílias vivem sem água ou luz numa antiga fábrica

in RR

Pároco local exige "respostas imediatas" para as dezenas de pessoas que vivem na antiga unidade industrial Mecânica Setubalense.

Dezenas de pessoas que vivem na antiga unidade industrial Mecânica Setubalense foram confrontadas, há algumas semanas, com o corte da energia eléctrica e do abastecimento de água. Estas famílias necessitam "respostas imediatas", alerta o padre Constantino Alves.

"É urgente, inadiável e necessário, encontrar uma resposta em dois tempos: uma resposta para as necessidades do imediato, mas também uma resposta, a médio prazo ou logo que seja possível, que vise a transferência daquelas famílias para outros locais", disse o páraco da Igreja de Nossa Senhora da Conceição.

"Pode haver pessoas, portugueses ou imigrantes, que ali estejam com outras motivações, mas cabe às autoridades fazerem essa triagem e darem o tratamento adequado a cada agregado familiar, sendo certo que é necessário agir rapidamente", defendeu o pároco, convicto de que as dificuldades de muitas famílias resultam, fundamentalmente, do flagelo do "desemprego e do trabalho precário".

Segundo Constantino Alves, nos contactos entre o proprietário do imóvel - o Instituto de Gestão Financeira da Segurança Social (IGFSS), Câmara de Setúbal, PSP, EDP e outras entidades, já terá sido proposta a instalação no local de um contador de obra para a electricidade, mas até agora nada foi feito.

Carla Barbosa, de 40 anos, e três filhos, dois deles menores, constitui um dos agregados familiares que reside nas ruínas da antiga fábrica de latas de conserva, na estrada da Graça, há cerca de nove anos e que ainda não vislumbra maneira de sair daquele espaço degradado e sem condições de habitabilidade.

Desempregada há três meses e à espera do subsídio de desemprego, Carla Barbosa vive sem água e sem luz desde há algumas semanas e diz não ter dinheiro para pagar uma renda de casa, apesar das ajudas que vai recebendo do marido, a trabalhar no estrangeiro.

"A situação está muito complicada. Há anos que a Segurança Social promete retirar daqui as pessoas que cá estão há mais tempo, mas essa promessa nunca se concretizou", disse Carla Barbosa.

Tutela analisa
Contactado pela agência Lusa, o Ministério da Solidariedade, Emprego e da Segurança Social informou que o IGFSS e o Centro Distrital da Segurança Social de Setúbal estão a "reanalisar" e a caracterizar a situação dos diferentes agregados familiares, com a colaboração da PSP, do Serviço de Estrangeiros e Fronteiras (SEF) e da Cáritas .

O Ministério da Solidariedade refere também que o IGFSS está a avaliar as condições de segurança do imóvel ocupado e a estudar as possibilidades de realojamento imediato daquelas famílias, mas diz que todas as casas de renda económica de que dispõe estão ocupadas.

A Câmara de Setúbal, que não se compromete com a eventual disponibilização de casas, até porque a autarquia tem cerca de dois mil pedidos de casas para famílias carenciadas, diz que está a acompanhar as diligências do IGFSS, no contexto do grupo de trabalho constituído para procurar soluções para os moradores na antiga Mecânica Setubalense.

Numa resposta por escrito, o gabinete do vereador Pedro Pina, responsável pelo pelouro Inclusão Social, diz apenas que acredita que estejam reunidas as condições que o proprietário do espaço em causa, o IGFSS, possa resolver o problema e promete todo o apoio possível da autarquia.