19.6.14

População. Número de imigrantes cai para metade em dez anos

Por Rosa Ramos, in iOnline

Há 11 anos, havia 31 mil estrangeiros permanentes em Portugal, enquanto que em 2013 eram apenas 17 500. Já o número de emigrantes cresceu oito vezes no mesmo período

Portugal é cada vez menos um país atractivo para a imigração. No espaço de uma década, o número de imigrantes permanentes - com residência em território nacional há mais de um ano - caiu para quase metade. Os números do Instituto Nacional de Estatística (INE) mostram que em 2003 havia 31 425 imigrantes permanentes, enquanto no ano passado eram apenas 17 554 - o que representa uma quebra de 44%. Ressalve-se que o INE não menciona nenhum valor para o número de imigrantes temporários no país, embora o último relatório do Serviço de Estrangeiros e Fronteiras (SEF) estimasse em 417 042 imigrantes a viver em Portugal em 31 de Dezembro de 2012, menos 4,5% do que no ano anterior.

Em contrapartida, e nos mesmos dez anos, os emigrantes permanentes - portugueses que vivem no estrangeiro há mais de um ano - aumentaram oito vezes. Se em 2003 eram 6687, em 2013 ultrapassavam os 50 mil (53 786). Assim, no ano passado, o saldo migratório português foi negativo, tendo-se registado mais 36 232 saídas do que entradas. Esta é uma das razões que contribuíram, segundo o INE, para o decréscimo de população verificado em 2013. Num ano, Portugal perdeu quase 60 mil habitantes: no final de Dezembro havia 10 427 301 residentes, menos 59 988 que em 2012.

A natalidade continua a diminuir e no ano passado estabeleceu-se um novo recorde mínimo no número médio de filhos por mulher: apenas 1,21. No total nasceram 82 787 crianças, menos 7054 que no ano anterior (-7,9%). O número de mortes até diminuiu 1% - registaram--se 106 543 óbitos - face a 2012, mas a quebra não foi suficiente para evitar que o saldo natural tenha sido negativo: em 2013 morreram mais 23 756 pessoas do que nasceram. As contas do INE concluem que no ano passado se verificaram taxas negativas de crescimento natural de 0,23% (-0,17% em 2012) e de crescimento migratório de 0,35% (-0,36% em 2012).

Cada vez mais velhos Com o aumento da esperança média de vida - que no caso das mulheres passou de 80,21 anos no triénio 2001-2003 para 82,79 anos no triénio 2011-2013, e nos homens de 73,55 para 76,91 -, a quebra constante da natalidade e a diminuição da taxa de mortalidade, o envelhecimento populacional é cada vez maior. Entre 2003 e 2013, o número de pessoas com 65 anos ou mais aumentou. Em simultâneo diminuiu o número de jovens até aos 15 anos e o número de pessoas com idade entre os 15 e os 64 anos. As Estimativas da População Residente em Portugal para 2013 apontam para uma subida do índice de envelhecimento de 106 para 136 idosos por cada 100 jovens.

O Norte, ainda segundo os números do INE, foi a região do país que mais habitantes perdeu: 22 mil pessoas no espaço de um ano, o que corresponde a 37% do declínio de 60 mil habitantes que se verificou em todo o país. E nem os grandes centros escaparam à perda populacional. Em 2013, Lisboa perdeu 12 mil habitantes; o Porto, 5283; e nenhuma capital de distrito inverteu a tendência. Coimbra viu a população diminuir em 2187 pessoas; Setúbal perdeu 1110; o Funchal, 1096; e Faro, 956.