8.7.14

"Takeway" solidário para famílias carenciadas vence Prémio Maria José Nogueira Pinto

in iOnline

O projeto da Associação Cozinha Solidária Refeições com Alma nasceu em fevereiro de 2012, em Cascais, para dar resposta ao problema da “pobreza envergonhada”, apoiando famílias de classe média, com filhos menores, em situação de desemprego

O 'Cozinha com Alma', um ‘takeaway’ solidário que apoia famílias em graves dificuldades económicas, foi distinguido com o prémio Maria José Nogueira Pinto como o projeto que melhor corresponde ao conceito “socialmente responsável" na comunidade em que se insere.

O projeto da Associação Cozinha Solidária Refeições com Alma nasceu em fevereiro de 2012, em Cascais, para dar resposta ao problema da “pobreza envergonhada”, apoiando famílias de classe média, com filhos menores, em situação de desemprego, sem apoio alimentar e sem rede familiar.

“É um negócio social que está aberto ao público geral, em que todo o lucro é aplicado numa bolsa social que vai apoiar famílias que estão a passar por graves dificuldades económicas”, disse à agência Lusa Cristina de Botton, uma das fundadoras do Cozinha Com Alma (CcA).

Ao fim de um ano, o projeto conseguiu atingir o objetivo de disponibilizar 100 refeições diárias às famílias da bolsa social, que pagam um valor simbólico por refeição.

Em 2013, o CcA produziu 86 mil refeições, das quais 45 mil foram vendidas ao público geral e cujas receitas permitiram dar mais de 29 mil refeições às famílias carenciadas, que são apoiadas por um período de seis meses, renovável apenas uma vez.

Para garantir o anonimato destas famílias, foi criado “um sistema de pagamento com cartão recarregável” igual para todos os clientes.

O sucesso do projeto também depende da qualidade das refeições. Para isso, o CcA tem chef residente e chef convidados que doam receitas à Cozinha Com Alma.

Além do apoio alimentar, o projeto promove ações de formação para ajudar as famílias a saírem da situação em que se encontram.

Para Cristina de Botton, a atribuição do prémio, no valor de 10.000 euros, é “muito importante” porque, além de ser um “reconhecimento do trabalho e do esforço” de uma equipa, vai permitir duplicar a resposta social.

“A verba vai ser utilizada na construção de uma nova cozinha”, que irá permitir dar 200 refeições diárias e mais de 60 mil ao longo do ano, salientou.

A presidente do júri, Maria de Belém Roseira, disse à lusa que concorreram ao prémio 76 projetos de instituições de todo o país, o que demonstra que existe “uma vitalidade e criatividade grande” nas comunidades.

“O júri teve um trabalho difícil, porque os projetos são todos muito interessantes, mas acabou por optar e coincidir bastante na escolha dos premiados e dos distinguidos deste ano”, adiantou.

Para Maria de Belém Roseira, o CcA “é uma forma muito criativa, muito inteligente e muito humana de olhar para estas pessoas”, que tinham “uma vida normal”, mas que ficaram em graves dificuldades económicas devido à crise.

Ao criar um cartão de pagamento igual para todos, o projeto “permite uma relação de respeito entre as pessoas e de não-discriminação”.

Por outro lado, além de “acudir às pessoas que estão em dificuldades”, habilita-as “com ferramentas que lhes permitam sair da situação em que caíram”, sublinhou.

O júri atribuiu ainda Menções Honrosas a três projetos: “Verdes Campos”, da Associação Figueira Viva, “Terra Nostra capacitação com raízes”, da Caritas, e “R.U.A - Resolver, Unir e Apoiar”, do Grupo de Ação Social do Porto.

O prémio, que é entregue hoje, foi instituído em 2012 pela MSD, em homenagem a “uma grande mulher que se distinguiu pela sua persistência na defesa da responsabilização social”, e visa reconhecer o trabalho desenvolvido por pessoas ou instituições na área da responsabilidade social.