1.8.14

ONU denuncia projecto de EUA de expulsar crianças ilegais

in iOnline

A maioria das crianças é oriunda de El Salvador, Guatemala e Honduras, em fuga da pobreza e violência nos países de origem

A alta comissária da ONU para os Direitos Humanos denunciou hoje o projeto de Washington de devolver aos seus países de origem, na América Central, as crianças em situação ilegal.

"Existem perto de 57.000 crianças não acompanhadas nos Estados Unidos. Estou extremamente preocupada porque os Estados Unidos parecem estar prestes a devolver a maioria delas", declarou Navi Pillay à imprensa, em Genebra.

A chegada em massa de menores não acompanhados obteve uma fraca resposta das autoridades norte-americanas, que não têm meios financeiros e legais para responder a este movimento.

O Presidente norte-americano, Barack Obama, insistiu que os recém-chegados seriam devolvidos e está a ser preparada legislação para acelerar os processos.

Para Washington, este fluxo de jovens em situação ilegal constitui uma "crise humanitária". A maioria das crianças é oriunda de El Salvador, Guatemala e Honduras, em fuga da pobreza e violência nos países de origem.

De acordo com Pillay, é preciso oferecer um teto e cuidados a estas jovens vítimas.

"A expulsão não deve ocorrer se a sua proteção não estiver garantida nos países para onde são devolvidos", declarou.

"É preciso atacar as verdadeiras causas da crise, nos países de origem e de destino. As redes criminosas de tráfico humano devem ser desmanteladas e punidas. São os traficantes que devem ser punidos e não as vítimas ou as famílias", sublinhou.

Se as crianças não estão acompanhadas e não são oriundas de países fronteiriços, como o México ou o Canadá, os Estados Unidos são obrigados, no prazo de 72 horas, garantir um guardião responsável.

Em média, estas crianças passam 34 dias nestas casas antes de serem libertadas, e entregues, em 85% dos casos, a familiares já residentes nos Estados Unidos.

Em seguida devem comparecer perante um tribunal especializado em imigração.

No início do mês, cerca de sete mil crianças estavam em centros de detenção, próximos das fronteiras, ultrapassando em muito o prazo de 72 horas.

"Reconheço que se trata de uma situação política complicada", declarou Pillay.

"Mas mantenho que a detenção de imigrantes deve ser apenas a última opção. E aplicada durante o mínimo período de tempo possível", disse.

Responsáveis informaram este mês os senadores norte-americanos de que as autoridades gastavam entre 250 e mil dólares por criança e por dia para cobrir despesas de alojamento e cuidados.