30.9.14

Em 2014 já morreram quatro mil imigrantes ilegais

Pedro Rainho, in iOnline

Mais de três quartos das vítimas morrem no Mediterrâneo

Segundo o relatório publicado ontem pela Organização Internacional para as Migrações (OIM), morreram mais de 4 mil imigrantes ilegais desde Janeiro deste ano, uma estimativa que a organização admite ficar abaixo do número real de vítimas, visto muitas das mortes nunca serem registadas. Na maioria dos casos a vítima não é identificável e não é sequer possível saber se é homem ou mulher.

O relatório destaca as 230 mortes na fronteira entre o México e os EUA, mas principalmente as que ocorrem no Mediterrâneo, onde se deram três quartos, de imigrantes provenientes do Norte de África e do Médio Oriente, que tentam alcançar a costa europeia e que representam mais do dobro do número registado em 2011, ano da Primavera Árabe. Metade serão oriundos da Síria e da Eritreia.

A OIM alertou para o facto de não existir uma instituição que se encarregue destas vítimas a nível global, criticando a posição de muitos governos que não têm interesse em recolher e divulgar este tipo de dados.

A Amnistia Internacional também critica a acção da comunidade internacional, principalmente da UE, que deixou o Líbano, a Jordânia e a Turquia a "carregarem sozinhos o fardo da maior crise mundial de refugiados". De 2007 a 2013, a UE investiu "2 mil milhões na protecção das fronteiras externas, mas apenas 700 milhões" no acolhimento de refugiados. Itália é o único país europeu que realiza uma operação de busca e resgate e recentemente anunciou que iria parar o programa que resgatou 130 mil imigrantes no mar, considerando que deve ser a UE como um todo a responder ao fenómeno. Estima--se que nos últimos 14 anos mais de 40 mil pessoas morreram a atravessar fronteiras de forma ilegal.