22.9.14

Jovens portuguesas lançam campanha para ajudar crianças no Cambodja

Texto de Ana Maria Henriques, in Público on-line (P3)

Marta Belo, Leonor Feijó e Ana Belo são voluntárias assíduas numa vila do Cambodja e lançaram uma campanha de “crowdfunding” para evitar que uma casa de acolhimento e escola seja desalojada


Em Siem Reap, no Cambodja, uma organização não-governamental (ONG) está em risco de perder o seu espaço e, com isso, deixar de apoiar muitas crianças que vivem e estudam nas suas instalações. Três jovens voluntárias portuguesas conheceram, há alguns anos, o trabalho da Children and Development Organization (CDO) e decidiram criar uma campanha de “crowdfunding” para ajudar a instituição.

Marta Belo, professora e ilustradora de 35 anos, visita o Cambodja há três anos consecutivos, em viagens de voluntariado, com mais duas amigas (Ana Belo e Leonor Feijó). Na última vez soube que o terreno onde a CDO funciona vai ser vendido — e que o metro quadrado custa à volta de 550 dólares (cerca de 424 euros). Como o terreno tem cerca de dois mil metros quadrados, a compra do mesmo pela associação está completamente fora de questão.

As jovens uniram-se a uma organização portuguesa, a Orienting, e estão a tentar “por todos os meios” fazer com que as crianças apoiadas pela CDO não sejam desalojadas. O objectivo é angariar fundos para comprar um outro terreno, com as dimensões e as exigências necessárias, e transferir a casa e a escola para lá, explica Marta ao P3, em entrevista.

Na CDO há 25 crianças residentes, que vivem e estudam nas instalações, gratuitamente. Além destas, há mais 100 crianças que, todos os dias, assistem às aulas de inglês dadas por voluntários, entre eles portugueses que a Orienting envia mensalmente.

Na campanha de crowdfunding lançada na plataforma internacional Indiegogo, pedem 20 mil dólares (mais de 15 mil euros) para ajudar na compra do novo terreno, à venda por 92 mil (70 mil euros). Até 1 de Outubro, qualquer pessoa pode contribuir.

Alguns dos poucos benfeitores da associações já contribuíram para a compra do terreno, mas o valor total necessário ainda não foi atingido. “Neste momento, o que nos aflige mais é o facto de as crianças não terem para onde ir. Isto porque a construção da casa e da escola é simples: basta desmontar as estruturas de madeira e montá-las noutro sítio”, refere Marta.

“Não é fácil convencer as pessoas a contribuir, com tudo o que se está a passar no mundo, e comovê-las com uma história que se passa tão longe”, desabafa a professora, que se mantém optimista. “Se toda a gente que conhecemos, e a quem conseguirmos chegar, deixar de beber uma ou duas cervejas no fim-de-semana, nós conseguimos.”