28.10.14

Família passa fome à espera do tribunal

Por Secundino Cunha, in Correio da Manhã

Acidente de trabalho parado no Ministério Público. Viúva ainda sem indemnização.

Têm sido um martírio os dias de Fabiane Araújo e dos dois filhos, um rapaz de 17 e uma menina de três anos, desde que o marido, Augusto Monteiro, de 35 anos, morreu esmagado na construção do maior centro comercial de França, nos arredores de Paris.

O acidente de trabalho ocorreu em dezembro de 2012 e, até agora, nem a viúva nem os filhos receberam um único cêntimo de ajuda ou indemnização. Tudo porque, diz Fabiane, o processo esteve quase dois anos parado no Tribunal de Barcelos.

"Eu já perdi a conta às vezes que fui falar com o senhor procurador e uma vez até chorei lá, porque já estava há três dias sem água em casa. Ele disse ao secretário que era preciso andar com o processo, mas não andou", diz a viúva de Augusto Monteiro.

O facto de o processo nunca ter sido despachado e entregue à seguradora fez com que a habitual sessão de tentativa de acordo nunca tenha ocorrido e que nem sequer as despesas de funeral tenham sido pagas.

"Temos passado fome, eu e os meus filhos. Estes dias não tinha leite para dar à menina no pequeno-almoço e tive de a mandar para a escola com os sapatos apertados, que até lhe fizeram inchar os pés. Acho que não é justo os meus filhos passarem por estas coisas por causa do atraso do tribunal", diz.

Fabiane Araújo mostra-se ainda "cansada" de bater a todas as portas a pedir ajuda, IPSS ou Segurança Social, e de receber sempre resposta negativa.