13.10.14

Sem trabalho e proteção social não se combate pobreza

in Notícias ao Minuto

O presidente da Comissão Nacional Justiça e Paz, Alfredo Bruto da Costa, defendeu hoje que não será possível reduzir a pobreza em Portugal se não houver um trabalho concertado nas áreas da educação, trabalho, proteção social e desigualdades.

Sem trabalho e proteção social não se combate pobreza

Na opinião de Bruto da Costa, há quatro setores nos quais tem de se atuar se se quiser reduzir a pobreza em Portugal "como deve ser" e que são a educação e formação profissional, mercado de trabalho e sistema de salários, proteção social (segurança social e saúde) e desigualdades.
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"Se nada fizermos nestes quatro setores, escusamos de pensar que haverá qualquer progresso em matéria de pobreza em Portugal", garantiu o responsável.

Bruto da Costa foi um dos oradores do seminário organizado pela Ordem dos Nutricionistas sobre o tema "Desigualdades e Alimentação", que decorreu hoje, em Lisboa.

"Se não fizermos nada nestes setores podemos fechar a loja porque não adianta trabalhar na pobreza. Obviamente adianta trabalhar em minorar o sofrimento dos pobres através de medidas assistenciais, mas uma redução substancial da pobreza, não", sustentou.

De seguida, Bruto da Costa apontou que é na sociedade dominante, a que chamou elipse, que estão as causas da pobreza, estando os pobres na periferia, ou seja, tornados populações marginais em relação à sociedade dominante.

"Temos projetos de luta contra a pobreza dirigidos aos pobres. Os nossos projetos atingem os triângulos, mas deixam a elipse intacta e é aí que estão os fatores causais da pobreza", defendeu.

Em declarações à Lusa, a bastonária da Ordem dos Nutricionistas sublinhou que a pobreza é um fator de risco no acesso a uma alimentação saudável, lembrando que, segundo dados do Instituto Nacional de Estatística, o risco de pobreza em Portugal, em 2012, era de 18,7%.

Destacou, por outro lado, que, segundo dados da Direção-geral de Saúde relativos a 2013, 49% dos portugueses está numa situação de insegurança alimentar.

"Dizemos que temos no país segurança alimentar quando todas as pessoas, em todos os momentos, têm acesso físico e económico a alimentos suficientes, seguros e nutritivos para terem uma vida saudável e ativa", explicou Alexandra Bento.

Defendeu, por isso, a necessidade de todos os ministérios fazerem um trabalho conjunto no sentido de incluir a alimentação saudável em todas as políticas.

"Só estando em todas as políticas, portanto termos uma verdadeira política em termos alimentares e nutricionais e que seja transversal a todos os ministérios, é que nós conseguimos caminhar para aquilo que é o direito humano a uma alimentação saudável", sustentou.