19.11.14

"2 Metros Quadrados" dá a conhecer retratos de uma pobreza envergonhada

in RR

O documentário "2 Metros Quadrados", da jornalista Ana Luísa Oliveira e do fotojornalista Rui Oliveira, tem antestreia marcada esta quinta-feira no Porto. O trabalho retrata a situação dos sem-abrigo, uma pobreza que os autores consideram que "envergonha o país".

O filme vai ser apresentado no Instituto Português de Fotografia às 21h30 e parte de uma curta-metragem intitulada "Casas de Rua", que gerou nos criadores a vontade de "fazer um trabalho mais completo que mostrasse o dia-a-dia dos sem-abrigo, uma realidade que as pessoas desconhecem, e como funciona toda a rede de apoio a esta população", explicou à Lusa Ana Luísa Oliveira.

"Percebi que a maioria das pessoas, tal como eu antes de fazer voluntariado, não faz ideia do tipo de pessoas que se encontra na rua. Não são `coitadinhos`, não se resumem a pessoas com dependências, seja de álcool ou drogas. Há pessoas com histórias de vida muito interessantes, com percursos extraordinários que, por uma infelicidade ou percalço, se viram a dormir na rua", disse a realizadora, em respostas por escrito.

Por seu lado, Rui Oliveira referiu ter-se apercebido, "com alguma surpresa, que, por vezes, é possível ter mais dignidade a viver na rua do que em pensões ou em casas abandonadas e que existe um grande ‘caos’ no sistema de apoio aos mais necessitados".

Na descrição do projecto, os autores realçaram que são retratos "que espelham o que se passa um pouco por todo o país, numa pobreza envergonhada que envergonha um país a braços com os seus cada vez mais pobres".

Filmado entre o final de 2012 e o começo deste ano, o documentário está inserido num "projecto multiplataforma" que inclui ainda uma reportagem multimédia e uma exposição de fotografia, exposta até ao final de Novembro também no Instituto Português de Fotografia.

"Talvez o que mais me tenha impressionado é a forma como estas pessoas sobrevivem em condições muito pouco dignas, a ginástica financeira que fazem com os 178 euros que recebem do Rendimento Social de Inserção (RSI), os meios que arranjam para comer ou dormir. E, sobretudo, a forma como encaram a vida, sempre de sorriso aberto, bom humor, receberam-nos de braços abertos", acrescentou Ana Luísa Oliveira.