17.12.14

Discriminação nos idosos

Cecília Oliveira, in Correio do Minho

Discriminar significa separar fazer distinção. Esta expressão pode ser aplicada em diferentes contextos, com diferentes implicações. Na sua vertente mais negativa, é associada ao tratamento desigual de um indivíduo ou grupo por diversas razões, sejam elas a raça, religião ou simplesmente por não se enquadrar dentro dos requisitos exigidos pela sociedade.

Uma população em particular risco de exclusão e discriminação social, é a dos idosos. Em 2012, dados demográficos apontavam para que em Portugal as pessoas com mais de 65 anos ultrapassassem os dois milhões, ou seja quase 20% da população. Tornando-se esta uma realidade inegável e com necessidade de atenção.

Os idosos devem ser considerados uma população em risco, não só devido ao declínio das suas reservas fisiológicas, e assim maior suscetibilidade à doença, mas também, devido aos seus limitados recursos económicos e por vezes níveis mais baixos de literacia e capacidade de adaptação, a uma sociedade sempre em constante modernização e desenvolvimento.

Os grandes meios urbanos são ambientes propícios a este fenómeno de exclusão e isolamento social, apesar de podermos pensar o contrário. A urbanização desmesurada, sem atenção a necessidades especiais desta população, onde os vizinhos não se conhecem nem se cumprimentam, cria o meio ideal para um progressivo afastamento e isolamento dos idosos no interior das suas casas.

Como combater então esta realidade pouco agradável que rapidamente se desenha à frente dos nossos olhos? Desde 2002 que a Organização Mundial de Saúde implementou o conceito de envelhecimento ativo, definido como: “o processo de otimização das oportunidades para a saúde, participação e segurança, para melhorar a qualidade de vida das pessoas que envelhecem”(WHO. Active Ageing, A Policy Framework.2002).

Desta forma, torna-se es-sencial o desenvolvimento de políticas que permitam a aproximação aos cidadãos idosos, promovendo a manutenção da sua autonomia e independência, humanizando os cuidados, e assim minimizar custos e gastos de recursos sociais. Existe em Portugal o Programa Nacional para a Saúde das Pessoas idosas Nº: 13/DGCG de 2004 e editado de novo em 2006, que chama a atenção para esta problemática e propõe medidas gerais de intervenção. Existe também o Projeto - Cidades Amigas das Pessoas Idosas, implementado pela OMS e adaptado para Portugal, nomeadamente no Município de Lisboa.

Em Braga, também se vão multiplicando as iniciativas a este nível, através da promoção de uma maior facilidade de acesso a serviços municipais, estimulando a participação em atividades culturais, desportivas e recreativas, à medida que o conceito de envelhecimento ativo se torna cada vez mais relevante na nossa cultura.