30.1.15

Desemprego jovem voltou a aumentar em Portugal

Texto de Raquel Martins, in Público on-line (P3)

A taxa de desemprego dos jovens subiu para 34,5% em Dezembro, em contraciclo com a redução do desemprego verificada na recta final do ano passado

Depois dos acréscimos verificados em Outubro e em Novembro, a taxa de desemprego recuou para 13,4% no final do ano passado e o emprego deu sinais de alguma recuperação. Porém, estas melhorias não se sentiram de igual forma entre todas as camadas da população. Contrariando a tendência geral, o desemprego jovem voltou a aumentar (na comparação mensal), interrompendo um ciclo de descida que tinha começado em Agosto.

O Instituto Nacional de Estatística (INE), que divulgou nesta quinta-feira, 29 de Janeiro, as estimativas mensais de emprego e desemprego de Dezembro, dá conta de 127 mil jovens dos 15 aos 24 anos sem emprego. Trata-se de um aumento de 4100 pessoas face a Novembro e é preciso recuar a Junho de 2013 para encontrar um aumento semelhante.

Em consequência deste aumento, a taxa de desemprego jovem subiu para 34,5%, mais 1,1 pontos percentuais do que em Novembro e menos 0,7 pontos do que no mesmo mês de 2013. Embora as perspectivas tenham melhorado face a 2013, os números mostram que se trata do recuo menos expressivo dos últimos 17 meses. Do lado do emprego, os jovens também estão entre os mais penalizados, uma vez que foram o grupo onde se verificou uma perda de postos de trabalho.

Olhando para o panorama global, a taxa de desemprego de 13,4% (ajustada da sazonalidade) reduziu-se 0,1 pontos percentuais face a Novembro e 1,8 pontos percentuais face ao último mês de 2013, quando a taxa de desemprego estava nos 15,2%.

Segundo o INE, havia 689,6 mil pessoas desempregadas, o que representa menos 4800 em comparação com o mês anterior e menos 99.300 do que no ano anterior.

A taxa de desemprego sem ter em conta os efeitos sazonais foi de 13,6%, tendo-se mantido face a Novembro e caído 1,8 pontos percentuais face a Dezembro de 2013.

A melhoria da taxa de desemprego está relacionada, realça o instituto na nota divulgada à imprensa, com o decréscimo da população empregada e com o aumento do emprego.

Emprego recupera

O mês de Dezembro trouxe uma recuperação do emprego, interrompendo a tendência decrescente que se iniciou em Setembro, após um período de sete meses consecutivos de crescimento continuado no emprego (de Fevereiro a Agosto de 2014).

A população empregada aumentou para 4.441,5 mil pessoas, o que representa mais 6400 postos de trabalho do que em Novembro e mais 51.500 em comparação com 2013. O aumento do emprego ocorreu entre a população masculina e adulta. Já entre as mulheres e os jovens diminuiu, com maior expressão entre os que têm entre 15 e 24 anos (queda mensal foi de 1,4%).

A criação líquida de postos de trabalho na recta final do ano foi insuficiente para travar a queda de desemprego verificada desde Setembro. Em quatro meses, a economia portuguesa perdeu quase 18 mil empregos.

Se recuarmos a Maio de 2011, quando foi assinado o memorando de entendimento com a troika de credores, a redução líquida de emprego ascendeu a 253 mil postos de trabalho.