26.1.15

Uma em cada três ofertas de emprego ficou por preencher

Raquel Martins, in Público on-line

No ano passado, 36% das ofertas de emprego ficaram vazias. Ainda assim é uma melhoria face a 2013.

O ajustamento entre os postos de trabalho livres e a mão-de-obra disponível nos centros de emprego está a dar sinais de melhoria. No ano passado, 64% das ofertas de trabalho que chegaram ao Instituto do Emprego e Formação Profissional (IEFP) foram ocupadas e 36% ficaram vazias. Mesmo assim, é uma evolução face a 2013, quando 40% das ofertas ficaram por preencher.

A informação mensal do mercado de emprego, divulgada nesta sexta-feira pelo IEFP, mostra que ao longo de 2014 os centros de emprego receberam 165.755 ofertas de trabalho, mais 18% do que em 2013. Destas, 105.518 foram ocupadas (um aumento de 25%), tendo ficado sem resposta 60.257 ofertas, ou seja, 36%. Em 2013, a taxa de insucesso foi de 40%.

Se olharmos apenas para o mês de Dezembro, verifica-se um recuo nas ofertas recebidas ao longo do mês e nas colocações, algo que também aconteceu em 2013, quando comparado com o mês de Novembro. Já na análise homóloga, em 2014 registaram-se menos ofertas, mas mais colocações que ocorreram, sobretudo, no sector dos serviços (segurança, vendedores e trabalhadores não qualificados) e na indústria (trabalhadores qualificados).

Isto aconteceu num ano em que, em média, houve menos pessoas a inscrever-se mensalmente nos centros de emprego de todo o país. Aos 63.913 desempregados registados em 2013 seguiram-se 60.284 no ano passado. Um recuo de quase 6%. No final de Dezembro, o IEFP dá conta de 598.581 desempregados, menos 13,3% do que no período homólogo, mas mais 0,1% do que em Novembro.

A redução ocorreu em todas as regiões, tendo sido mais acentuada no Algarve. Os serviços continuam a ser o sector que mais gera desempregados, mas é também onde as ofertas de emprego mais crescem, uma tendência que se tem mantido ao longo dos últimos anos.

O IEFP dá ainda conta da redução homóloga do número de casais em que ambos os cônjuges estão desempregados. Eram 11.969 em Dezembro, menos 5,9% do que me 2013. Mas, na comparação mensal, o número de casais nesta situação aumentou 3,5%.

Há 49% sem subsídio
Quando se compara o número de inscritos no IEFP com o número de pessoas a receber prestações de desemprego, chega-se à conclusão que 49% dos desempregados não recebiam qualquer prestação social.

De acordo com os números do Instituto de Segurança Social também divulgados nesta sexta-feira, 306.062 desempregados recebiam subsídio de desemprego, subsídio social de desemprego inicial, subsídio social subsequente ou prolongamento do subsídio social, menos 70.860 do que no ano anterior e menos 663 do que no mês anterior.

Tendo como referência o número de inscritos nos centros de emprego em Dezembro do ano passado, a taxa de cobertura dos subsídios é de 51%, deixando de fora 49% dos desempregados.

Se olharmos para o total de desempregados registado pelo Instituto Nacional de Estatística (INE) em Novembro, estas prestações chegam a apenas 43%, deixando de fora mais de metade das pessoas que dizem não ter emprego.

O Porto é o distrito cujo número de beneficiários com prestações de desemprego foi mais elevado, tendo sido atribuídos subsídios a 64.283 pessoas. Seguem-se os distritos de Lisboa, Setúbal e Braga.

Os desempregados subsidiados receberam em Dezembro de 2014 as prestações mais baixas dos últimos quatro anos (comparação com os meses homólogos). De acordo com os dados agora divulgados, cada pessoa recebeu 462,6 euros por mês, menos 15,5 euros do que em 2013. Em relação a Novembro o valor médio das prestações aumentou menos de 60 cêntimos.

A redução do número de subsidiados está em contraciclo com o aumento do desemprego verificado pelo INE nos últimos meses do ano passado, mas parece ir no mesmo sentido da diminuição homóloga do número de inscritos nos centros de emprego (uma das condições necessárias para se ter acesso a subsídio).