23.2.15

Grécia: "Se isto não é uma crise humanitária, é o quê?"

por Ana Meireles, Diário de Notícias

Em 2012 havia 34,6% de gregos em risco de pobreza. Diretor de ONG diz que situação poderá ainda piorar


Fazendo uma pesquisa na internet, a definição "crise humanitária" já era usada em 2011 para falar da situação da Grécia. Não foi algo trazido por Alexis Tsipras. Há quatro anos, o então presidente dos Médicos do Mundo da Grécia, Nikitas Kanakis, já dizia que quando cerca de 14 mil pessoas recorriam diariamente às cantinas sociais para usufruir de uma refeição gratuita era tempo de falar de "crise humanitária". Esta semana, Kostis Dimtsas, diretor-geral da ONG grega Apostoli, disse ao DN: "Se isto não é uma crise humanitária, é o quê? Vamos esperar que as pessoas morram nas ruas de Atenas como na grande fome de 1941-42 durante a II Guerra Mundial para nos convencermos de que ela existe e que é preciso combatê-la?".

Em 2011, o número de gregos em risco de de pobreza era de 31%, o equivalente a 3,7 milhões de pessoas e um valor bem acima dos 24,2% da média da UE a 27. No ano seguinte, o Eurostat já apontava para 34,6%. "O limiar da Grécia caiu de 6591 euros em 2011 para 5708 em 2012, uma queda de 883 euros, ou mais de 13%, de longe a maior queda da UE a 28", refere o relatório da Cáritas Europa "A Crise Europeia e o seu custo humano", referente a 2014, citando dados do Eurostat. "Centenas de milhares de gregos estão a sair do país, à procura de trabalho noutro sítio, enquanto a taxa de mortalidade e vários problemas relacionados com a saúde aumentaram consideravelmente", sublinha ao DN Kostis Dimtsas, diretor-geral da Apostoli, uma organização não-governamental de cariz religioso que providencia ajuda material a quem mais precisa.