24.4.15

Centenas de pessoas protestaram contra política de imigração da UE

in iOnline

Protesto foi iniciativa das associações SOS Racismo e Renovar Mouraria

Cerca de 120 pessoas concentraram-se esta quinta-feira em frente ao Centro Europeu Jean Monnet, em Lisboa, para protestar contra a política de imigração da União Europeia, que responsabilizam pelas mortes de imigrantes no Mediterrâneo.

O protesto, intitulado "Stop ao Genocídio no Mediterrâneo", foi uma iniciativa conjunta das associações SOS Racismo e Renovar a Mouraria, convocado em dia de Conselho Europeu extraordinário em Bruxelas para adoptar medidas que impeçam a continuação desta crise humanitária, depois de um naufrágio no passado fim de semana ter feito mais de 800 mortos.

Nos postes das bandeiras dos Estados-membros da União Europeia, no relvado em frente ao edifício que alberga as representações em Portugal das instituições europeias, havia folhas A4 coladas com fita-cola, onde se lia: "Não à Europa Fortaleza", "Fim do Frontex", "Imigrar é um Direito, não um Negócio" e "Dois milhões de refugiados sírios. Só 23 em Portugal".

Em declarações à agência Lusa, Mamadou Ba, um dos responsáveis da SOS Racismo, explicou que o objectivo da manifestação foi, além de "prestar homenagem às vítimas", "denunciar a indiferença que se abateu sobre esta temática" e "a indefinição da política da União Europeia sobre os fluxos migratórios".

Escolheram concentrar-se junto à estátua de Jean Monnet, porque ele "era uma figura que tinha um projecto de uma Europa social, humanitária".

"O que nós queremos dizer são três coisas simples: não há mais tempo a perder; quanto mais tempo a UE perder a adiar a procura de uma solução justa, humanitária, digna para quem a procura, mais as mortes vão aumentar, e a UE não pode desresponsabilizar-se sobre os ombros dos traficantes e das máfias, porque eles só surgem porque não há alternativa", frisou.

Em segundo lugar, Mamadou Ba defendeu que, "se a UE quer combater as máfias, tem de criar condições legais de chegada à Europa" dos imigrantes, "o que implica que reveja radicalmente a sua política de vistos, a sua política de acordos bilaterais, a gestão da mobilidade, a gestão das fronteiras".

"A terceira coisa que queremos dizer é que os dispositivos como o Frontex não são a resposta para os problemas da imigração, antes pelo contrário, e a nossa exigência é uma exigência democrática: não pode haver mais nenhuma estrutura paramilitar para responder a um problema que é político, não é militar", sustentou, acrescentando que "os imigrantes não são um inimigo militar da União Europeia".

A União Europeia "não pode instalar-se num autismo político", porque "sabe perfeitamente que precisa dos imigrantes, por dois motivos: para equilibrar o seu saldo demográfico e também para equilibrar o seu saldo económico".

Lusa
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