28.4.15

Silva Peneda despede-se do Conselho Económico e Social em Belém

Maria João Lopes, in Público on-line

O ainda presidente do CES vai trabalhar com Jean-Claude Juncker, com quem se identifica “muito” em termos de pensamento político.

O Palácio de Belém foi o cenário onde, nesta segunda-feira, o presidente do Conselho Económico e Social (CES), Silva Peneda, se despediu do cargo antes de partir para Bruxelas para ser conselheiro do presidente da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker. A poucos dias, porém, da saída de Silva Peneda, ainda não está completamente garantido quem vai ocupar o lugar.

Depois do encontro com Cavaco Silva, Silva Peneda leu aos jornalistas uma declaração na qual agradeceu, não só ao Presidente da República, como ao Governo, aos parceiros sociais e às organizações que fazem parte do CES. “Sobretudo no momento difícil que o país atravessa quero dar público testemunho do alto espírito de compromisso que assumiram na tomada de muitas decisões.”

O ainda presidente do CES marcou para esta quarta-feira uma reunião da comissão coordenadora, na qual deverá ser decidido quem o substituirá até ao fim do mandato, até haver eleições – a conferência de líderes parlamentares marcou para 15 de Maio a eleição do novo presidente do CES na Assembleia da República.

“Não há nenhuma decisão tomada. Há uma reunião que vai ter lugar na próxima quarta-feira, eventualmente a haver uma decisão, é tomada pelo conselho coordenador e não pelo presidente do CES”, disse aos jornalistas, escusando-se a adiantar se será o vice-presidente Manuel Lemos a garantir a função até ao final do mandato.

“O conselho coordenador é um órgão de apoio ao presidente e há momentos em que o presidente tem de ouvir o conselho coordenador. Este é um dos momentos. Não foi inocentemente que marquei a data de 29 de Abril.” É o penúltimo dia em que Silva Peneda está em funções no CES, partindo para Bruxelas no início de Maio. De qualquer forma, “qualquer que seja a solução, na fase de transição”, Silva Peneda garante “todo o empenhamento e o apoio” em “passar o testemunho da forma mais eficaz que seja possível”.

Apesar do impasse em torno da escolha do novo presidente do CES, Silva Peneda congratulou-se com o facto de na semana passada ter havido um sinal “significativo” de que a AR “se prepara para tomar uma decisão, no dia 15 de Maio”: “Falta saber se será concretizada, porque é preciso dois terços de votos dos deputados para eleger um presidente do CES. De qualquer maneira, não posso deixar de registar como positivo esse entendimento que houve, pelo menos expresso publicamente, pelos dois partidos políticos com maior expressão eleitoral”, diz, referindo-se ao PSD e PS - os dois partidos necessários para somar dois terços dos votos.

Lembrando que conhece Juncker “há quase 30 anos”, Silva Peneda fez, porém, questão de lembrar que vai “trabalhar com o actual presidente da Comissão e não com o ex-presidente do Eurogrupo”. “Conheço o seu pensamento político de há muito tempo, conheço as suas ideias, aquilo que quer fazer enquanto presidente da Comissão [Europeia] e, se vou trabalhar com ele, é porque me identifico muito com aquilo que ele pensa”, afirmou.