11.8.15

Ainda vão sair seis indicadores sobre desemprego até às eleições

Marta Moitinho Oliveira e Denise Fernandes, in Económico

INE pondera deixar de publicar taxas de desemprego mensais provisórias e manter as definitivas.

A evolução do desemprego tem sido um tema central da pré-campanha para as legislativas e deverá continuar a aquecer o debate político. Até às legislativas ainda serão publicados seis indicadores sobre o desemprego que permitirão alimentar o combate entre a coligação e o PS. O Instituto Nacional de Estatística (INE), que já foi apanhado na guerra das legislativas, admitiu ontem deixar de publicar as estimativas provisórias mensais da taxa de desemprego, depois da forte revisão da taxa de Maio.

Até às eleições de 4 de Outubro, o INE ainda publicará duas vezes a taxa de desemprego mensal, não estando calendarizada a publicação de taxa trimestral do desemprego. Além disso, o Eurostat publica por duas vezes a taxa de desemprego nos países da União Europeia e o Instituto do Emprego e Formação Profissional publica, também por duas vezes, o número de desempregados inscritos no centro de emprego.

Tanto a coligação como o PS têm usado todos indicadores do desemprego no argumentário da pré-campanha. Mas há um - a taxa mensal de desemprego do INE - que gerou uma discussão mais acesa. A oposição acusou o Governo de ter contribuído para o aumento do desemprego entre Abril e Maio, mas a recente revisão em baixa da taxa em Maio - de 0,8 pontos percentuais para 12,4% - mostrou que afinal o desemprego tinha caído.

Na sexta-feira, o INE admitiu estar a ponderar deixar de publicar estatísticas mensais provisórias sobre o mercado de trabalho, embora sublinhe que as partes interessadas, como é o caso dos técnicos dos ministérios da Economia e do Emprego, preferem manter a publicação.

O anúncio foi feito pela presidente do INE, Alda Carvalho, numa conferência de imprensa, na sequência da polémica dos últimos dias sobre os dados do desemprego. Alda Carvalho começou por avisar os jornalistas que a conferência era apenas de carácter "técnico". De seguida, sublinhou que o INE tem por missão "produzir e divulgar, de forma eficaz, eficiente e isenta a informação estatística oficial relevantes para a sociedade".

A presidente do INE admitiu ter ficado surpreendida com a revisão dos últimos dados mensais da taxa de desemprego, referentes a Maio, mas destacou que "não foi um erro", mas sim da aplicação da metodologia usada. Alda Carvalho sublinhou que "as revisões são o preço a pagar por uma maior actualidade" da informação estatística. A directora do serviço de estatísticas do mercado de trabalho do INE, Sónia Torres, ressalvou que o organismo já tinha avisado que a informação é provisória, estando sujeito a revisões.

A revisão acontece porque os dados mensais são provisórios, uma vez que se trata de um trimestre móvel em que para os dois primeiros meses a recolha da informação do Inquérito ao Emprego já foi concluída, enquanto para o terceiro mês é feita uma projecção. Quando passam a definitivos podem sofrer alterações, já que a informação referente ao último mês deixa de ser provisória.