9.9.15

Fotos despertaram consciências para drama dos refugiados

Teresa Marques Costa, in Correio do Minho

As fotografias de crianças mortas, espelhando o drama dos refugiados em fuga, “talvez tivessem feito mais para o despertar de consciências da Europa do que muitos apelos” que já vinham sendo repetidos. A convicção foi manifestada ontem pelo investigador do Centro de Investigação em Estudos da Crianças (CIEC) da Universidade do Minho (UMinho), Manuel Sarmento, no seminário realizado no âmbito do encontro da rede ‘Construir Juntos’ que decorreu no Centro Cultural e Social de Santo Adrião, em Braga.

O investigador da UMinho lembrou que “o que está hoje a acontecer constituía já objecto de profunda preocupação” por parte das organizações mundiais e que só “tarde e a más horas se está a acordar para este drama”.

Para Manuel Sarmento, o problema dos refugiados só mostra “como as crianças são vítimas dos problemas sociais, das guerras e das situações calamitosas”.

O investigador reforça que “não é mera retórica dizer que as crianças são as primeiras vítimas da degradação e da ruptura social”, já que “a crise que afecta toda a gente tem nas crianças vítimas particularmente notórias, com consequências trágicas, nalguns casos”.

E, se até há consciência do dramatismo, “isso não se transforma em medidas, em políticas de contraciclo a favor das crianças” denuncia Manuel Sarmento, que ontem desafiou os presentes a apontarem qual foi o partido político que trouxe o problema das crianças para o debate político, por exemplo, agora nas eleições legislativas.

É neste contexto que o investigador do CIEC-UM releva o papel das organizações da sociedade civil, como as que integram a rede ‘Construir juntos’, e que têm conseguido, apesar de tudo, minimizar os problemas das crianças, sustentando que ele “tem que ser reconhecido publicamente e qualificado”.

Manuel Sarmento considera que “existe um hiato entre a qualificação técnica das equipas e a forma como elas se confrontam com as dificuldades no trabalho no terreno”.

Presente na abertura do seminário, subordinado ao tema ‘A maioridade de uma rede - paradigma do presente, perspectivas de futuro’, o vice-presidente da Câmara Municipal de Braga, Firmino Marques, reconheceu que “uma resposta partilhada, conjunta, tem muito mais força quando os objectivos que nos propomos solucionar são tão gigantes como aqueles com que nos confrontamos todos os dias”.

Firmino Marques admite também que “o nosso futuro, como sociedade, será aquilo que nós investirmos, sobretudo nas crianças.

O responsável municipal destaca o trabalho em rede e até exemplificou com o projecto ‘Férias fantásticas’ desenvolvido pelo município, através do Banco Local de Voluntariado e só possível com a ajuda de todos, assumindo que “os poderes públicos têm que saber reconhecer este esforço” das instituições.