10.9.15

Os refugiados e os outros

Nuno Melo, in Jornal de Notícias

A Alemanha de Angela Merkel mostrou em atos o contrário dos estereótipos que alguma esquerda interesseira lhe quis colar, a pensar em eleições.

Quando a Europa vive o maior fluxo de refugiados contado desde a Segunda Guerra Mundial, os germânicos mobilizaram-se através do Governo, Exército, associações desportivas e famílias, articulados para garantir tendas, casas, alimentos e assistência médica aos milhares de cidadãos que quiseram ter o seu país por destino.

Já o Syriza na Grécia - o Syriza da solidariedade entre os povos, o paladino dos oprimidos, a afirmação modelar num Governo, que todas as esquerdas europeias fizeram seu - decidiu diferente.

Agências noticiosas, ONG e ativistas de direitos humanos denunciaram casos de omissão de auxílio em alto-mar, desvio de barcos para fora de águas territoriais, acantonamentos em condições degradantes, trânsito de refugiados para outros destinos europeus sem registo prévio, a par de agressões filmadas a pessoas.

Num curto comentário arrancado a ferros, forçado pelas circunstâncias de uma entrevista televisiva, Catarina Martins assumiu - supõe-se que dolorosamente - que "Angela Merkel tem estado bem".

Esqueceu-se foi do Syriza e do juízo devido ao camarada Tsipras, que obviamente tem estado muito mal, mas sempre amparado pelo conforto cúmplice do BE.A Europa deve ser solidária.

Mas tem igualmente de ser lúcida, distinguindo o que não é igual, até para sua legítima defesa. Uma coisa são refugiados que fogem a guerras e calamidades que colocam em risco as suas vidas, outra são pessoas de diferentes proveniências que pretendem emigrar e outra ainda, terroristas infiltrados que à boleia do fenómeno querem aceder à Europa fortaleza, para atentar contra os seus valores e os seus cidadãos.O direito de asilo deve ser concedido por solidariedade civilizacional.

Mas a emigração obedece a regras em qualquer parte do Mundo. E o terrorismo tem de ser combatido dentro e fora de fronteiras.O problema que se aplaca acolhendo os requerentes de asilo, só se resolverá na origem, eliminando quantos se permitam tentar proveitos económicos, explorando as circunstâncias horríveis da tragédia alheia e combatendo os insanos que matam, destroem e oprimem por fanatismo religioso e preconceito medieval.Braços que acolham e exércitos que punam, na defesa de valores feitos de humanismo básico, não são uma obrigação de gregos, italianos, espanhóis ou alemães.

Nem sequer de 28 países apenas, na UE. Faltam todos os outros.