26.10.15

Crise deixa marcas persistentes nas condições de vida das famílias europeias

por Gabriela Costa, in Negócios on-line

Os números negros sobre a fome, privação material, exclusão social ou desemprego veiculados no Dia Internacional de Erradicação da Pobreza demonstram que a crise económica deixou marcas na maioria dos países que integram a UE, onde o universo de pessoas em risco de pobreza e exclusão social continua a aumentar. Em Portugal, o retrato do país real reforça a necessidade de encarar o flagelo “focando a atenção na estabilidade económica e social a nível global, numa lógica de desenvolvimento sustentável”, como defende a Rede Europeia Anti-Pobreza

No Dia Internacional de Erradicação da Pobreza, 17 de Outubro, multiplicaram-se as habituais iniciativas e mensagens de solidariedade, e a data serviu de pretexto para a divulgação dos mais recentes números negros sobre a fome, a privação material, a exclusão social ou o desemprego.

A informação veiculada demonstra que a crise económica deixou marcas na maioria dos países que integram a UE, onde o universo de pessoas em risco de pobreza e exclusão social tem vindo a aumentar, desde 2008. Conclui-se que a crise e as várias medidas de austeridade implementadas desde então tiveram um forte impacto sobre este flagelo e no quotidiano das famílias um pouco por toda a Europa (até na Alemanha), naturalmente com maior incidência nos países intervencionados, mas com repercussões até aos dias de hoje, em que o pensamento vigente já pende para a ideia de recuperação económica.

Um em cada quatro europeus em risco de pobreza ou exclusão

O Eurostat assinalou este dia com uma nova edição de um estudo que actualiza os dados e tendências relativas à pobreza, tendo por base dados que compilou, relativos ao período 2008-2013, e dados da UE abrangendo já 2014 e 2015.

De acordo com o relatório "Smarter, greener, more inclusive? Indicators to support the Europe 2020 strategy", em 2013 mais de 24% da população europeia (cerca de 122 milhões de pessoas na UE28) era considerada como estando em risco de pobreza e/ou exclusão social, segundo a definição adoptada pela Estratégia 2020.

Por outras palavras, quase um em cada quatro cidadãos da União Europeia tem um perfil e nível de rendimentos que o coloca em situação de vulnerabilidade económica e social (revelando-se um agravamento no período 2011-2013, na UE27). A Comissão Europeia quer reduzir este flagelo para a meta dos 20 milhões, até 2020.

Portugal registou uma taxa de risco de pobreza/exclusão na ordem dos 27.5%, em 2013, a que equivalem 2,85 milhões de pessoas.

O grupo em maior risco de pobreza e exclusão social na UE é o dos jovens, com idades compreendidas entre os 18 e os 24 anos (mais de 30%), a que se segue o grupo das crianças, com idades até aos 18 anos, com mais de 27%. O terceiro grupo mais vulnerável é o dos idosos (65 e mais anos), com pouco mais de 18%, conclui o Eurostat.

Numa análise por género, são as mulheres que permanecem em maior risco de pobreza e de exclusão social (mais de 25%). Considerando o agregado familiar, em 2013 e para a UE28, o risco de pobreza e exclusão social manteve-se particularmente elevado para as famílias monoparentais com um ou mais filhos a cargo – quase 50%. Os imigrantes são outro grupo em grave risco de pobreza e de exclusão social, com cerca de 34% de pessoas que viviam num país da UE que não o seu, em 2013, nesta condição.

No mesmo ano, também mais de 34% dos indivíduos com nível de escolaridade inferior ao secundário viviam sob este risco, três vezes superior àquele que afecta o grupo com nível de escolaridade superior.