19.11.15

Homens-a-dias limpam casas em bairro social da Covilhã

Liliana Carona, in RR

Face à “pouca salubridade” das casas, dois jovens pensaram em criar um negócio de limpezas ao domicílio e provoca o “sorriso daquelas pessoas que infelizmente não têm possibilidades para manter a casa limpa”.

Cinco jovens da Covilhã candidataram o seu projecto ao programa governamental de inclusão social “Escolhas” e conseguiram financiamento para colocar em prática o seu “A todo o vapor”.

Moradores num bairro social, detectaram “um problema” de “pouca salubridade nas casas” e pensaram “numa solução que foi esta: a higienização e limpeza ao domicílio”, conta à Renascença Samuel Espírito Santo, de 21 anos, que há um ano mal sabia ligar um aspirador.

Hoje, não esconde a alegria por ter um trabalho na comunidade onde sempre viveu e não abdica de, juntamente com Hugo Santos, de 22 anos, pôr as casas de quem mais precisa a brilhar: “ver o sorriso daquelas pessoas que infelizmente não têm possibilidades para manter a casa limpa”.

São cinco os rapazes que deixam as casas perfumadas, põem carros e vidros a brilhar, sofás e carpetes sem nódoas e mostram que a vida pode mesmo ser diferente.

O projecto tem duas vertentes: a social, que é limpar de forma gratuita casas de idosos, carenciados ou indivíduos com reduzida mobilidade; e outra mais económica, em que o objectivo é criar postos de trabalho.

“Ainda estão em fase de experimentação e em Janeiro de 2016 começa a vertente comercial, mais a sério”, indica Marco Gabriel, da Junta de Freguesia de Boidobra, que também apoia o projecto.

Os serviços têm um preço bastante acessível: uma limpeza do carro ronda os 10 euros e a limpeza de carpetes, os três.

“A todo o vapor” porque “temos muita força”

“Já estou aqui há 19 anos, conheci os garotos a jogar a bola e nunca pensei que se tornassem nos homens de limpeza, porque eles foram criados num bairro social mal cotado”, afirma Eduardo Ferreira, de 52 anos e dono de um bar, cujos vidros brilham graças ao trabalho dos jovens de “A todo o vapor”.

“Não acreditavam muito neles e eles mostraram-se diferentes”, admite com orgulho.

A eficácia do trabalho tornou evidente o nome para a empresa: “A todo o vapor”. “Porque somos jovens e temos muita força e é trabalhar a vapor”, conclui Samuel.

O projecto existe na prática deste Agosto e contou com o financiamento de 2.500 euros do programa “Escolhas”, bem como com o apoio e parceria da Beira Serra, associação de desenvolvimento sem fins lucrativos da Cova da Beira e da Junta de Freguesia de Boidobra, que disponibilizaram transporte e instalações.