17.2.16

Situação "sem precedentes": 1 milhão de crianças com fome

Barbara Baldaia, in TSF

Perto de um milhão de crianças precisam de tratamento para a malnutrição aguda grave na África Oriental e Austral. O alerta é da UNICEF que procura financiamento para dar resposta ao problema. Até agora reuniu menos de 15% das verbas.

Fome, escassez de água e doenças. Acresce ainda a subida do preço dos alimentos, que veio agravar a situação, obrigando as famílias a saltar refeições e a vender os seus bens.

A diretora Regional da UNICEF para a África Oriental e Austral sublinha que o El Niño há de esmorecer, mas "o custo para as crianças - muitas das quais já estavam a viver em condições muito precárias - far-se-á sentir durante muitos anos".

A UNICEF fala mesmo numa "situação sem precedentes", fazendo notar que a sobrevivência destas crianças "depende das medidas que forem tomadas hoje".

O Lesoto, o Zimbabué e a maior parte das províncias da África do Sul já declararam o estado de catástrofe.

Na Etiópia, prevê-se que o número de pessoas a passar fome aumente quase para o dobro neste ano. Atualmente são dez milhões com carências alimentares, mas no final do ano pode chegar aos 18 milhões.

Com a seca, as crianças estão a deixar de ir à escola, porque têm que percorrer a pé distâncias maiores em busca de água. As chuvas fortes e as cheias por causa do El Niño estão a agravar os surtos de cólera.

As circunstâncias no Lesoto também são dramáticas. Neste pequeno país situado dentro da África do Sul, um terço das crianças são órfãs, 1 em cada 4 adultos tem SIDA e quase 60% das pessoas vive abaixo do limiar de pobreza.

No Zimbabué, quase 3 milhões de pessoas sofrem de insegurança alimentar e nutricional e no Malawi vive-se a pior crise alimentar dos últimos nove anos.

A UNICEF lançou apelos humanitários para os países da África Austral que estão a sofrer com o El Niño, mas até agora só recebeu menos de 15% das verbas necessárias para fazer face à situação.

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