22.2.16

Ter uma conta no banco pode custar 100 euros por ano

Ana Margarida Pinheiro, in Jornal de Notícias

As comissões cobradas pela banca dispararam nos últimos anos. Ter uma conta no banco passou a custar, em termos redondos, cerca de 100 euros.

É que, além das comissões de abertura e manutenção, são cada vez mais frequentes as comissões por cartões de débito e crédito e valores cobrados por cheques ou transferências ao balcão.

Depois de analisar 71 contas em diversos bancos a operar em Portugal a Deco não tem dúvidas: "Por quase tudo aquilo que já pagava ao banco em 2007, antes de a última crise ter invadido o país, agora paga-se ainda mais", diz um estudo que será divulgado esta semana.

"O custo de uma conta, com tudo o que envolve, desde os cartões à manutenção, ronda hoje os 100 euros. Há bancos que praticam acima, outros abaixo, mas a média é uma centena de euros", contou Nuno Rico, da Deco, ao JN/Dinheiro Vivo. O responsável por esta análise disse ainda que, "numa utilização básica, a evolução do custo com uma conta subiu 60%" desde 2007.

Em alguns itens, os aumentos chegam aos três dígitos. Falamos, por exemplo, do agravamento das anuidades dos cartões de débito que, segundo a Associação de Defesa do Consumidor, passaram de uma média de 6,56 euros em 2007 para 14,63 euros este ano. O aumento foi de 123%. "Só a Caixa Geral de Depósitos, que tem a maior quota de clientes, cobra atualmente 18,72 euros", acusa a Deco, dizendo que é já "a segunda mais cara". O exemplo da Caixa volta a ser dado para falar de cheque. Em média, o aumento de preços foi de 130%, na CGD. A Deco admite que "o preço mais do que duplicou na última década".

Questionada pelo JN/Dinheiro Vivo, fonte oficial da CGD lembra que os aumentos percentuais mais elevados acontecem "porque a base era muito baixa". Mesmo assim, sublinha, o preçário "continua abaixo da média" do que é praticado nas outras instituições.

Fonte do mercado lembra que, "apesar dos aumentos nas comissões cobradas nos últimos anos pelos bancos, numa tentativa de melhorarem as suas rentabilidades, ainda há uma série de isenções que anulam as comissões praticadas, especialmente se a conta servir para domiciliar o ordenado ou a reforma".

Mas a Deco alerta que também estas isenções têm vindo a perder dimensão. Se, em 2007, todas as contas ordenado ou utilizadas para colocar a reforma estavam livres de custos, "hoje já nem todos os bancos as isentam", diz Nuno Rico, que contou "três instituições que já cobram comissões mesmo quando se trata de contas ordenado".

Isto acontece, explicou fonte do mercado, porque nos últimos anos registou-se uma "grande redução dos fatores que permitem redução das despesas com contas".