20.4.16

Direitos humanos 'são meio de combater terrorismo', diz Hollande

In "Diário Digital"

O Presidente francês considerou hoje no decurso de uma visita oficial ao Egito, ao lado do seu homólogo e anfitrião Abdel Fattah al-Sissi, que os direitos humanos "são também um meio de lutar contra o terrorismo".
Diversas ONG têm acusado o líder egípcio, no poder desde julho de 2013 na sequência de um golpe militar, de dirigir uma sangrenta repressão no país.

Combater o terrorismo "supõe firmeza mas também um Estado, e um estado de direito, é esse o sentido evocado pela França quando se pronuncia sobre direitos humanos. Os direitos humanos (...) são também uma forma de lutar contra o terrorismo", declarou Hollande perante o general Al-Sissi, manifestamente incomodado pelas questões dos jornalistas sobre este tema.

"Abordámos com o Presidente Sissi os direitos humanos incluindo os mais sensíveis", como o caso do francês Eric Lang e do italiano Giulio Regeni, prosseguiu Hollande, que evocou a necessidade de "liberdade de imprensa e a liberdade de expressão".

Eric Lang, um francês detido no Cairo em 2013 pela polícia, foi espancado até morte na sua cela "por outros detidos", segundo o procurador-geral do Cairo.

Guilio Regeni, um estudante italiano envolvido numa investigação sobre o movimento operário no Egito, foi raptado no centro da capital egípcia em 25 de janeiro e encontrado nove dias mais tarde numa vala, com sinais de tortura por todo o corpo.

Os media italianos e responsáveis diplomáticos asseguram que foi morto por membros dos serviços de segurança, o que tem sido negado com veemência pelo Egito. Roma convocou o seu embaixador no Cairo em protesto contra a falta de transparência na investigação.

A deslocação de Hollande ao Cairo, na sequência de uma deslocação ao Líbano, também inclui uma componente económica, com o reforço das relações bilaterais.

Em outubro de 2015, o primeiro-ministro francês, Manuel Valls, concluiu no Cairo a venda de dois navios de guerra Mistral, negócio que tinha sido anteriormente anulado com a Rússia devido à crise ucraniana.
Hollande tinha já anunciado a 23 de setembro um acordo com o seu homólogo egípcio sobre a venda de material militar num valor de 950 milhões de euros.

O golpe de julho de 2013 liderado por Al-Sissi afastou do poder o antigo presidente Mohamed Morsi, ligado à confraria islamita "Irmandade Muçulmana" e eleito chefe de Estado em junho de 2012 nas primeiras eleições presidenciais democráticas da história do país.

Após o golpe de Estado, as novas autoridades egípcias desencadearam uma intensa repressão sobre os simpatizantes, membros e dirigentes da Irmandade, declarada "grupo terrorista" em dezembro de 2013.