12.5.16

Direitos humanos. O poder da educação e de “pequenos grupos de pessoas determinadas”

Ana Carrilho, in "Renascença"

Presidente da Fundação Robert F. Kennedy está em Lisboa para dizer que, historicamente, as conquistas em matéria de direitos humanos não aconteceram por vontade dos governos, dos militares ou das grandes corporações.

A defesa dos direitos humanos só acontece com mudança e para ela aconteça é preciso investir na educação para a cidadania. Esta foi uma das mensagens fortes que ecoaram esta terça-feira na Fundação Gulbenkian, onde diversas entidades e organizações não-governamentais assinaram a Declaração de Lisboa.
Kerry Kennedy, presidente da Fundação Robert F. Kennedy, que organizou a conferência sobre direitos humanos, em Lisboa, em parceria com a Gulbenkian, sublinhou o facto de Portugal estar a dar um passo em frente na educação para os direitos humanos, tal como tem feito historicamente, com coragem de explorar o mundo e busca do que está para lá do horizonte.

“Por isso é tão importante que Portugal esteja na vanguarda dos direitos humanos e em especial na educação dos direitos humanos. E consiga que a próxima geração se empenhe e se envolva na protecção da dignidade e dos direitos humanos. É disso que todos fazem parte e, hoje, quero agradecer a cada um de vós por todas as vidas que vão tocar com o vosso trabalho”, afirmou Kerry Kennedy.

Desde cedo, na sua via pessoal e familiar, foi confrontada com situações que acabou por perceber serem violações graves dos direitos humanos e individuais, o que a levou a dedicar-se ao tema desde há 35 anos, tal como outros que já tentavam pôr em prática a Declaração Universal das Nações Unidas. Por isso, concluiu que o melhor era fazê-lo através da educação.

No encerramento da conferência “Os direitos humanos e os desafios do século XXI – Globalizar a Humanidade”, a sobrinha do Presidente norte-americano John F. Kennedy e filha de Robert Kennedy admitiu que ao longo destes anos têm sido feitas mudanças nas mentalidades.

Essa evolução, referiu, foi sempre feita graças a “pequenos grupos de pessoas determinadas” que se sentem diminuídos nos seus direitos e que tentam garanti-los com a ajuda da Declaração Universal.

“Nenhuma dessas mudanças aconteceu por vontade dos governos que, pelo contrário, tentaram travá-las. Nada disso aconteceu porque os militares ou as corporações o quisessem. Os grandes interesses corporativos tentaram travá-las”, lamenta.

A educação para aos direitos humanos, com o apoio da Fundação Robert F. Kennedy, é dada nas escolas como parte integrante dos programas escolares.

Mas, em muitos casos, também há concursos musicais, de teatro, escrita ou vídeos em que as crianças expressam os seus sentimentos e opiniões sobre os diversos temas ligados aos direitos humanos e cidadania.

Em Portugal também é provável que seja feito algum concurso, mas ainda não está decidido.

Para já, a Declaração de Lisboa foi assinada pela Gulbenkian, pela Fundação Robert F. Kennedy, Associação Nacional de Municípios e de Freguesias, além do INATEL, Amnistia Internacional, Instituto Padre António Vieira, OIKOS; Associação Zero e AMPLOS. Mas espera novas adesões.