18.5.16

Rui Cernadas: “Porto4Ageing”

Rui Cernadas, in "Jornal Médico"

O envelhecimento populacional e o aumento do peso socioeconómico dos mais velhos têm impulsionado discussões em torno da sustentabilidade financeira dos “Estados Sociais” e sobre a necessidade de garantir a coesão social. Justificadamente se tivermos em conta o peso político deste sector do eleitorado.

Não se estranha, pois, que o tema do envelhecimento ativo ocupe um lugar cimeiro em muitas das agendas mundiais, nomeadamente da Organização Mundial de Saúde, do Banco Mundial e da Comissão Europeia.

Enquanto se inventam estratégias, a população ocidental vive um novo tempo de reforma: mais longo, com mais ofertas de ocupação, com mais possibilidades para atividade física e intelectual, mas num contexto de novos desafios difíceis como as migrações, o isolamento, a insegurança, o terrorismo, os constrangimentos financeiros.

A Direção-Geral de Saúde, através do Plano Nacional de Saúde, tem tido em atenção o fenómeno do envelhecimento nas mais variadas áreas de apoio aos mais velhos, de que é exemplo a proposta de serem reconhecidas e incentivadas iniciativas como a das cidades amigas dos idosos: “As políticas que permitam desenvolver ações mais próximas dos cidadãos idosos, capacitadoras da sua autonomia e independência, acessíveis e sensíveis às necessidades mais frequentes da população idosa e das suas famílias, permitem minimizar custos, evitar dependências, humanizar os cuidados e ajustar-se à diversidade que caracteriza o envelhecimento individual e o envelhecimento da população”, pode ler-se no Programa Nacional para a Saúde das Pessoas Idosas.

A proporção de população mundial com 65 ou mais anos aumentou de 5,3% para 6,9%, de 1960 a 2000, e estima-se um aumento de 15,6% até 2050.

O ritmo de crescimento da população idosa é quatro vezes superior ao da população jovem e a população mais velha vive cada vez mais anos e com melhor qualidade de saúde.

Falamos já de idosos e de idosos muito idosos ou da quarta idade, designando as pessoas com 80 ou mais anos e querepresentam a parcela da população que regista o maior ritmo de crescimento europeu.

Em Portugal, segundo os dados do INE e dos Inquéritos Nacionais de Saúde, a população com 85 e mais anos praticamente duplicou entre 1991 e 2007 e as projeções para 2050 são sombrias… Crescem os custos com medicamentos e com os cuidados de saúde em geral e ainda a procura de consumo desses cuidados.

Os contextos urbanos e mais cosmopolitas podem e tendem a favorecer situações de exclusão para todos os que se afastam das lógicas de participação nos sistemas de vida social.

Neste enquadramento, parece fazer todo o sentido o lançamento, no Porto, da candidatura da cidade e da região, a “Centro de Excelência em Envelhecimento Ativo e Saudável – Porto4Ageing”, uma iniciativa da Universidade do Porto e apoiada pela Câmara Municipal do Porto, agrupando num vasto consórcio mais de 70 entidades públicas, privadas e sociais e apontando aos desafios e oportunidades que enformam esta temática.

Ao lançamento público do projeto seguir-se-á a fase de apreciação e avaliação comunitária.

A candidatura do Porto a Centro de Excelência em Envelhecimento Ativo e Saudável merece todo o apoio e toda a sorte.

Como apelou Mahatma Gandhi, “se queremos progredir, não devemos repetir a história, mas fazer uma história nova”!

Esperemos por boas notícias de Bruxelas…