29.6.16

“Agora é o momento de agir”: Quase 70 milhões de crianças podem morrer até 2030

In "Rádio Renascença"

Alerta da Unicef consta do relatório “Uma oportunidade justa para todas as crianças”, segundo o qual Portugal tem uma das mais baixas taxas de mortalidade e Angola a mais alta.

Quase 70 milhões de crianças morrerão antes dos cinco anos até 2030 e 167 milhões viverão em pobreza extrema nesse ano se a comunidade internacional não investir já nas mais crianças pobres, alerta a Unicef.

Intitulado “Uma oportunidade justa para todas as crianças”, o relatório anual do Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), divulgado esta terça-feira, revela que, embora o mundo tenha registado progressos na infância, essas melhorias não foram uniformes e as desigualdades marcam a vida de milhões de crianças.

“Quando olhamos para o mundo de hoje, somos confrontados com uma verdade desconfortável, mas inegável: As vidas de milhões de crianças são arruinadas pelo simples facto de terem nascido num determinado país, comunidade, género ou circunstância”, escreve o director-geral da organização, Anthony Lake, no prefácio do relatório.

Para o responsável, “agora é o momento de agir” porque, se o mundo não acelerar o ritmo de progresso, 69 milhões de crianças morrerão, maioritariamente de causas evitáveis, antes de completarem cinco anos, até 2030, o ano em que terminam os Objectivos de Desenvolvimento Sustentáveis, definidos no ano passado.

Nesse mesmo ano, as crianças da África subsaariana terão 10 vezes mais probabilidade de morrer antes dos cinco anos do que as dos países ricos e nove em cada dez crianças a viver em pobreza extrema estarão naquela sub-região.

Se nada for feito, mais de 60 milhões de crianças em idade escolar estarão fora da escola e cerca de 750 milhões de mulheres terão sido casadas na infância.

O director-geral da Unicef sublinha que o futuro não tem de ser tão sombrio e lembra que muitos dos constrangimentos que impedem o mundo de ajudar estas crianças não são técnicos. “São uma questão de compromisso político. São uma questão de recursos. E são uma questão de vontade colectiva”, alertou.

O prefácio do director-geral termina com um apelo: “Nós conseguimos. A injustiça não é inevitável. A desigualdade é uma escolha. Promover a equidade – uma oportunidade justa para cada criança, para todas as crianças – também é uma escolha. Uma escolha que podemos fazer e devemos fazer. Pelo seu futuro, e pelo futuro do nosso mundo”.

Portugal tem uma das mais baixas taxas de mortalidade

A mortalidade infantil até aos cinco anos diminuiu 94% desde 1970 em Portugal. Segundo relatório anual da Unicef, o país tem uma das mais baixas taxas de mortalidade infantil do mundo, com quatro mortes de crianças até aos cinco anos em cada mil nascimentos, em 2015.

Numa lista de 197 países, Portugal aparece na 166.ª posição, ex-aequo com mais 15 países que partilham uma taxa de mortalidade infantil até aos cinco anos de quatro crianças em cada mil.

O país mais mal classificado é Angola, em 1.º lugar, com a maior taxa de mortalidade infantil do mundo: 157 em cada mil crianças morrem antes dos cinco anos no país.

No que diz respeito à mortalidade neonatal, ou seja, até aos 28 dias de idade, Portugal tinha uma taxa de duas mortes por cada mil nascimentos.

Segundo a Unicef, nasceram no ano passado 83 crianças e não se registou qualquer morte infantil até aos cinco anos de idade, sendo que a esperança de vida à nascença era de 81 anos.

Por outro lado, uma em cada 8.200 mulheres corria o risco de morrer durante o trabalho de parto.

Os dados para Portugal revelam que, em matéria de educação, a taxa de alfabetização dos jovens com idade entre os 15 e os 24 anos foi de 99% entre 2009 e 2014.