3.11.16

Refugiados. Portugal prepara rede de acolhimento a menores desacompanhados

in RR

O tema vai estar em debate na quinta-feira, numa conferência organizada pela Confederação Nacional das Instituições de Solidariedade (CNIS).

É cada vez maior o número de menores não acompanhados que chegam à Europa no contexto da crise dos refugiados. A Confederação Nacional das Instituições de Solidariedade (CNIS) considera, por isso, importante chamar a atenção para esta realidade.

“Em Itália, sabemos que estão a chegar cada vez em maior número, a cada dia. Na Grécia, sabemos também que o sistema está de tal forma saturado, que muitas destas crianças estão a ficar em centros de detenção, porque já não há equipamentos de trânsito em que estes menores possam ser acolhidos e muito menos estruturas feitas de raiz a pensar nisto. Em Calais, é aquilo de que se tem falado nos últimos dias, sabemos como a situação está. Portanto, seja ao nível da primeira linha de acolhimento ou não seja, a situação está problemática para estas crianças”, sustenta Ana Rodrigues, consultora jurídica da CNIS

A preocupação coloca-se no risco a que estão sujeitos estes menores não acompanhados, pois, provavelmente, estamos a falar “de um menor que já foi alvo de exploração por parte dos passadores que o trouxeram para a Europa”, adianta a responsável, em declarações à Renascença.
Falar-se de um menor desacompanhado “é falar-se de alguém que porventura é muito mais susceptível de ser apanhado numa rede de tráfico de pessoas, seja para fins de trabalho forçado, exploração sexual, laboral, mendicidade ou quaisquer outros fins”, acrescenta Ana Rodrigues.
Portugal tem já preparada uma rede de acolhimento para um primeiro grupo de menores refugiados.
“Temos um modelo que tem estado a ser trabalhado em parceria com algumas instituições associadas da CNIS, que têm possibilidade de acolher estes menores. É uma rede que poderá estar em expansão”, diz a consultora da confederação, acrescentando que “neste momento estamos prontos para receber, a breve trecho, as primeiras crianças”.

Ana Rodrigues adianta ainda à Renascença que o primeiro grupo deve ser constituído por dezenas de crianças, mas o número será alargado. O modelo de acolhimento visa a institucionalização dos menores.

Para discutir soluções para o futuro dessas crianças que chegam à Europa sozinhas, realiza-se no Porto, no próximo dia 3, uma conferência organizada pela CNIS.