13.2.17

Desemprego jovem: um flagelo a combater

Jorge Faria de Sousa, in Diário de Notícias

No último trimestre de 2016, a taxa de desemprego em Portugal situava-se nos 10,5%. Sendo que, entre os jovens foi de 28% (entre os 15 e os 24 anos), segundo dados do Instituto Nacional de Estatística. A taxa de desemprego tem vindo assim a baixar, ainda que a ritmo baixo.
O desemprego jovem é um flagelo que afeta muitas famílias e sobretudo os sonhos e as aspirações da juventude portuguesa, que tem de ser combatido. Neste momento, estima-se que cerca de 300.000 jovens portugueses com histórias de vida próprias, que não estudam, não estão em formação, nem trabalham.

No entanto, o atual governo reduziu para metade os apoios contratação de jovens, acabou com o programa Retomar, que combatia o abandono escolar e praticamente congelou a aprovação de novos estágios ao abrigo do programa Garantia Jovem.

Assim, considero que é fundamental que seja desbloqueada a aprovação de estágios profissionais através do programa Garantia Jovem. Por outro lado, é essencial que Portugal tenha uma estratégia de combate ao abandono escolar e ainda, que sejam criados mecanismos e apoios à contratação de jovens por parte das empresas.

Além destes temas, é importante ajustar o sistema de ensino ao mercado de trabalho, quer seja pela via do ensino profissional, quer superior. Defendo que, há uma enorme necessidade da criação de sinergias entre as instituições de ensino e as empresas, com mecanismos como a realização de estágios no decorrer da formação académica dos jovens. No que ainda à educação diz respeito, é urgente em Portugal rever a oferta de ensino superior. Por isso, defendo que deve haver uma reorganização do ensino superior em Portugal, não optando pelo fecho de cursos, mas sim pela diminuição do número de vagas dos cursos com menor empregabilidade. Considero também que o ensino profissional, articulado com as empresas, deve de ser uma aposta. A meu ver, é essencial que os jovens, que não pretendam prosseguir estudos para o ensino superior, possam optar pela via profissional, tendo assim, a possibilidade de aprender uma profissão. Portugal necessita de técnicos de nível intermédio e uma entrada mais rápida para o mercado de trabalho e para uma profissão. Tal como no ensino superior, a oferta do ensino profissional deve dar resposta as necessidades do mercado de trabalho e deve ajustar-se às características de cada concelho, ou região.

Uma alternativa para muitos jovens hoje é arriscar e criar o seu próprio negócio. Hoje em dia, as start-ups representam cerca de 18% do novo emprego criado anualmente pelas empresas e ainda, com um peso significativo na evolução exportações. Entre 2007 e 2015, foram constituídas 309 550 empresas e outras organizações, (34 mil por ano, em média). Por isso, hoje o empreendedorismo pode ser uma saída e existem muitos bons exemplos de start-ups que vingaram no mercado e que são verdadeiros casos de sucesso, gerando riqueza e criando postos de trabalho.
O desemprego jovem é um problema que afeta as novas gerações, aquelas que são as mais bem preparadas de sempre, num mundo global. Portanto, é fundamental por em prática políticas ativas de emprego jovem, como os estágios e ainda, encarar o empreendedorismo jovem como parte da solução.