5.7.17

Apesar da crise, 2016 mobilizou as pessoas "como nunca" -- perita irlandesa

in DN on-line

A perita em desenvolvimento internacional Suzanne Keatinge, que esteve em Lisboa a participar num curso sobre o tema, realçou que, apesar de 2016 ter sido "um ano de crise", as pessoas mobilizaram-se "como nunca".

Em entrevista à Lusa, no final do curso de verão sobre desenvolvimento internacional organizado pela Plataforma Portuguesa de Organizações Não-Governamentais para o Desenvolvimento, pela Fundação Calouste Gulbenkian e pelo Instituto Superior de Economia e Gestão da Universidade de Lisboa, Suzanne Keatinge colocou a tónica nesse envolvimento dos cidadãos -- reconhecendo que, hoje, este acontece mais em torno de "questões concretas" -- e na transformação da sociedade civil.

Os cidadãos olham para as organizações com "desconfiança", acham que elas não prestam contas e "vivem no seu mundo e não no mundo real", descreve a atual diretora executiva da organização irlandesa Dóchas, admitindo: "Somos parte do sistema, da elite tradicional".

Neste cenário, as organizações precisam de "acordar um pouco", "regressar ao mandato" original e "ser-lhe fiel", defende.

"Apercebi-me muito, particularmente durante este período de austeridade, de um foco maior na sobrevivência, ou até no crescimento, do que no que é realmente preciso nestes tempos de mudança", reconhece.

Perante representantes de várias organizações não governamentais portuguesas e estrangeiras, a especialista irlandesa, que participou na sessão de encerramento do curso, na passada sexta-feira, foi frontal na análise.

O Brexit -- termo que se refere à saída do Reino Unido da União Europeia -- é um "sintoma de um mal mais profundo, é muito mais do que deixar a União Europeia, é um desafio à narrativa internacionalista", considera, defendendo que "é preciso não perder de vista os valores desafiados".

Tanto o Brexit como a eleição de Donald Trump para a presidência dos Estados Unidos revelaram "um afastamento entre as pessoas e as agências internacionais", que, perante isso, "não podem continu