10.10.17

Presépio de Priscos deu trabalho a 18 reclusos durante três anos

in Correio do Minho

Já lá vão três anos desde que a Paróquia de Priscos dá trabalho a reclusos do Estabelecimento Prisional de Braga, o que decorre de um protocolo assinado, no âmbito do Presépio ao Vivo de Priscos, com a Direcção Geral de Reinserção e Serviços Prisionais (DGRSP).

Neste período de três anos foram 18 os detidos envolvidos na construção do Presépio Vivo de Priscos. São pessoas que encontram neste gesto um passo importante para “uma segunda oportunidade de reintegração social a pessoas que, por vezes, não tiveram sequer uma primeira oportunidade”, refere o padre João Torres, pároco de Priscos.

“Já passaram por aqui, ao longo destes três anos cerca de 18 reclusos. Cumprindo a sua pena de reclusão entraram também num processo de humanização, porque acredito que estas pessoas se possam reintegrar na sociedade e não há melhor forma de integração do que o trabalho”, afirmou.

O pároco considera que a situação da reclusão é “uma das áreas onde se evidenciam grandes índices de pobreza e de exclusão social extrema”. O sacerdote assume o princípio de que “enquanto cidadãos podemos e devemos ser capazes de apoiar na redução da reincidência”, e por outro lado, “no aumento dos casos de integração de sucesso na comunidade”, e isso levou-o a reflectir e a propor uma ideia de intervenção, no Presépio ao Vivo de Priscos.
Os dividendos tirados da solidariedade dos visitantes do Presépio ao Vivo de Priscos e a ajuda do Município de Braga, através do Orçamento Participativo suportam o pagamento aos reclusos, para “compensar o trabalho prestado por cada um, na proporção do esforço despendido e em função do número de dias de trabalho”.

A remuneração é de 419,22 euros, a que acresce uma percentagem de 10% que reverte para os Serviços Prisionais. Esta espécie de salário é depositado na conta individual dos reclusos, mas só pode ser utilizada pelos beneficiários uma parte do valor, a outra só após cumprida a pena. Trata-se de um incentivo após a liberdade.

Os reclusos cumprem um horário de trabalho entre as 8.30 e as 17 horas, com intervalo de 60 minutos para almoço, entre as 12 e as 13 horas. São acompanhados por um guarda prisional. “Ao longo destes três anos o guarda Ribeiro foi muito mais que um vigia, foi conselheiro, psicólogo e técnico de reinserção social”, refere o abade de Priscos.

A selecção dos reclusos fica a cargo do estabelecimento prisional de Braga, que selecciona os reclusos com competências para a realização das tarefas propostas e têm de respeitar vários critérios, nomeadamente terem cumprido uma parte substancial da pena ou já terem realizado sem quaisquer problemas saídas precárias, entre outras condições.

“Este tipo de trabalho no exterior é inquestionavelmente, um elemento positivo e primordial no tratamento penitenciário, pela utilidade social que se reveste e pela valorização que proporciona ao indivíduo, sendo também, um elemento de coesão social, na medida em que permite estabelecer e consolidar relações sociais. Através do exercício de uma actividade laboral estruturada e continuada, os reclusos desenvolvem competências pessoais e sociais, nomeadamente ao nível da aquisição de hábitos de trabalho, cumprimento de horários e regras e gestão das relações laborais”, acrescenta.